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Trump impõe tarifas de 25% sobre carros fabricados fora dos EUA

26/03/2025 17h40

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ampliou na quarta-feira (26) sua lista tarifária com a imposição de uma taxa de 25% sobre "todos os automóveis que não são fabricados nos Estados Unidos", além de suas peças.

A decisão representa um novo golpe para o setor automotivo e para países como Canadá e México, aliados dos Estados Unidos no Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC).

Washington reconhece que as tarifas prejudicam seus aliados, mas se considera vítima da deslocalização da produção para outros países.

"Vamos cobrar dos países por fazer negócios em nosso país e levar nossos empregos, levar nossa riqueza", afirmou Trump no Salão Oval da Casa Branca.

Várias associações do setor reagiram com preocupação ao anúncio, incluindo as montadoras americanas, que pediram a implementação das tarifas de uma forma que não afetem os preços para os consumidores.

O presidente americano afirmou que as tarifas começarão a ser aplicadas em 3 de abril. "O que vamos implementar é uma tarifa de 25% sobre todos os automóveis que não forem fabricados nos Estados Unidos. Se forem fabricados nos Estados Unidos, não haverá tarifa alguma", declarou.

"Isso se soma às tarifas já existentes sobre essas mercadorias", esclareceu um de seus assessores.

A taxa aplicada anteriormente era de 2,5%. Isso significa que os carros importados passarão a ser tributados em 27,5% de seu valor.

No caso dos veículos elétricos chineses, que já são taxados em 100% desde agosto de 2024, as tarifas subirão para 125%.

Haverá uma única exceção: os veículos montados em México e Canadá estarão sujeitos a um imposto de 25% apenas sobre a parte de peças sobressalentes que não procedam dos Estados Unidos.

O México exporta 80% dos veículos que fabrica para os Estados Unidos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Geografia.

As montadoras americanas possuem fábricas no exterior que abastecem o mercado interno, principalmente no Canadá e no México.

"É fundamental que as tarifas sejam implementadas de forma que se evite um aumento de preços para os consumidores e que se proteja a competitividade do setor automobilístico integrado da América do Norte", afirmou a associação americana de montadoras em um comunicado.

Segundo o site da Ford, cerca de 20% dos veículos vendidos nos Estados Unidos são importados. E a General Motors importa aproximadamente 750 mil veículos por ano de Canadá e México.

"Metade dos veículos vendidos nos Estados Unidos é fabricada no exterior. E dos que são montados aqui, metade é fabricada com peças estrangeiras", detalhou o assessor comercial de Donald Trump, Peter Navarro, em coletiva de imprensa.

- "Medidas apropriadas" -

O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, considerou a medida como um "ataque direto". A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou a decisão de Trump, mas deixou as portas abertas para negociações.

Apesar das críticas, Trump ameaçou os dois aliados com "tarifas em larga escala, maiores do que as já planejadas" se trabalharem em conjunto "para causar danos econômicos aos Estados Unidos".

Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silve, que acaba de concluir uma visita ao Japão, a taxação proposta pelo governo Trump "é muito ruim", pois dificulta o comércio no mundo. 

"Não dá para a gente ficar quieto achando que só eles têm razão e que só eles podem taxar outros produtos", declarou Lula nesta quinta-feira (27) aos jornalistas em Tóquio, no encerramento de sua visita ao Japão.

A medida pareceu incomodar inclusive o assessor de Trump e CEO da Tesla, Elon Musk. "Para ficar claro, isto afetará o preço das peças dos carros da Tesla que vêm de outros países. O impacto no custo não é trivial", escreveu na rede social X.

Este não é o primeiro revés para o setor automotivo desde que Donald Trump retornou à Casa Branca, em 20 de janeiro. 

No começo de fevereiro, o anúncio de tarifas alfandegárias de 25% para todos os produtos de Canadá e México, países que Trump acusa de não fazerem o suficiente para conter a migração irregular e o tráfico de fentanil, abalou o setor.

O adiamento da medida até 2 de abril trouxe um alívio temporário para a indústria. Mas se, por fim, for aplicada sem nuances, isto é, adicionando-os, os automóveis desses países poderiam pagar um imposto de 50% caso não tenham peças americanas.

Além disso, o alívio foi breve, já que, em meados de março, Trump taxou o aço e o alumínio. Os Estados Unidos importam aproximadamente metade do aço e do alumínio que utilizam em indústrias tão diversas como a automobilística, a aeroespacial, a petroquímica e até em produtos de consumo básico, como embalagens de alimentos enlatados.

A associação de montadores europeias alertou para o impacto negativo na indústria global, incluindo a dos Estados Unidos, e pediu um "diálogo" para evitar uma guerra comercial.

Na mesma linha, a federação do setor na Alemanha, principal produtor europeu, considerou a medida um "sinal fatídico para o livre comércio que terá consequências negativas" para os consumidores, incluindo os americanos.

Na Ásia, o primeiro-ministro japonês afirmou nesta quinta-feira que seu governo estuda "medidas apropriadas" em resposta à tarifa de 25%.

"Naturalmente, consideraremos todas as opções", declarou Shigeru Ishiba ao Parlamento.

- 'Muito indulgentes' -

Salvo surpresas, em 2 de abril, uma data chamada por Trump de "dia da libertação", serão aplicadas as chamadas tarifas alfandegárias "recíprocas", que vão afetar todos os produtos importados pelos Estados Unidos.

O objetivo é igualar, dólar por dólar, as tarifas impostas aos produtos americanos no exterior.

Embora inicialmente tenha afirmado que não haveria "isenções nem exceções", Trump garantiu na quarta-feira que esses novos impostos seriam "muito indulgentes".

"Isso vai afetar todos os países, e vamos garantir que sejam muito indulgentes. Acho que as pessoas vão se surpreender bastante", acrescentou.

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© Agence France-Presse

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