Erdogan reitera que "não cederá ao terror das ruas" em onda de protestos na Turquia
Os protestos liderados por jovens continuam nesta quarta-feira (26) na Turquia, uma semana após a prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal rival do presidente Recep Tayyip Erdogan. O chefe de Estado turco voltou a prometer que não cederá ao "terror das ruas".
Pela sétima noite consecutiva, dezenas de milhares de pessoas, agitando bandeiras turcas e cartazes contra o governo, protestaram em frente à prefeitura de Istambul a pedido da oposição. Estudantes, que também participaram do protesto, usavam máscaras ou cobriram o rosto para não serem identificados.
Ao contrário das noites anteriores, a polícia dispersou a manifestação dessa terça-feira (25), na maior cidade da Turquia, sem violência,
Mais de 1.400 pessoas foram detidas desde 19 de março. De acordo com a agência de notícias estatal Anadolu, 172 pessoas tiveram prisão decretada em Istambul nos últimos dias por provocações e violência ou por esconder seus rostos durante as passeatas.
"Não podemos entregar nossa pátria ao terror das ruas", disse o presidente Erdogan na noite de terça-feira. Ele enfrenta uma revolta inédita desde o movimento Gezi, que começou na Praça Taksim, em Istambul, em 2013, na esteira da Primavera Árabe.
Özgür Özel, líder do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), a principal força da oposição, convocou um grande protesto para este sábado (29), apesar das proibições em vigor desde a semana passada em Istambul, na capital Ancara e em Izmir, a terceira maior cidade do país.
Segundo Özel, apesar das prisões e da repressão, o apoio popular às passeatas vem aumentando. Durante os protestos da noite anterior, os estudantes foram aplaudidos por muitos moradores, que improvisaram um panelaço nas janelas e nas portas das casas.
Sete jornalistas detidos
Ainda nessa terça-feira, um tribunal de Istambul ordenou a detenção de sete jornalistas, incluindo um profissional da agência AFP, acusado pelas autoridades de ter participado de "reuniões proibidas". O CEO da AFP, Fabrice Fries, pediu à presidência turca que "liberte rapidamente" seu fotógrafo transferido para a prisão.
"Yasin Akgül não estava manifestando, ele estava cobrindo como jornalista uma das várias manifestações organizadas no país desde quarta-feira, 19 de março", lembrou Fries. A ONG Repórteres Sem Fronteiras condenou uma "decisão escandalosa, que reflete uma situação muito grave na Turquia".
Durante a noite, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, também demonstrou "preocupação com as recentes prisões e manifestações no país" após uma reunião com o ministro turco das Relações Exteriores, Hakan Fidan.
Com informações da AFP