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Dólar tem leve alta enquanto mercados aguardam detalhes sobre tarifas dos EUA

26/03/2025 09h12

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista tinha leve alta ante o real nesta quarta-feira, à medida que investidores demonstravam um pouco de aversão ao risco enquanto seguem aguardando detalhes sobre os planos tarifários dos Estados Unidos para a próxima semana.

Às 9h40, o dólar à vista subia 0,38%, a R$5,7297 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,18%, a R$5,717 na venda.

Apesar da semana com uma agenda significativa de dados no exterior, os mercados globais têm focado suas atenções nas expectativas para o dia 2 de abril, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, pretende anunciar uma série de tarifas recíprocas, como já indicado anteriormente.

Investidores, analistas, empresários e consumidores temem que as medidas tarifárias possam acelerar a inflação de uma gama de produtos e provocar uma recessão na maior economia do mundo, que já vem mostrando indícios de desaceleração nas últimas semanas.

Diante da incerteza, os agentes financeiros têm preferido segurar apostas acentuadas para qualquer direção, o que justificava a pouca volatilidade nesta sessão tanto no exterior quanto no Brasil.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,12%, a 104,340.

Nos últimos dias, houve algum alívio nos mercados no tema das medidas comerciais, com autoridades do governo afirmando que Trump deve adiar a implementação de tarifas sobre setores específicos para além de 2 de abril.

O próprio presidente dos EUA também disse que alguns países podem receber "descontos" nas taxas a serem aplicadas na próxima semana.

"Poucos detalhes foram fornecidos pela administração sobre como pretendem implementar o plano de tarifas recíprocas, mantendo um elevado nível de incerteza... Caso o governo opte por aplicar tarifas apenas sobre produtos e países com altos diferenciais tarifários, o impacto sobre a economia americana seria mais limitado", disseram analistas do BTG Pactual em relatório.

Enquanto isso, as expectativas de consumidores seguem se deteriorando. Relatório do Conference Board mostrou na terça que seu índice de confiança do consumidor caiu pelo quarto mês consecutivo em março e de forma mais acentuada que projeção em pesquisa da Reuters.

A preocupação de economistas é que o pessimismo dos consumidores possa refletir na economia real em breve, com queda do consumo e dos investimentos nos EUA, o que poderia contribuir para uma recessão.

Na cena doméstica, o mercado segue atento à trajetória da inflação brasileira e a consequente resposta do Banco Central, que divulgou a ata de sua mais recente reunião de política monetária na véspera.

Na semana passada, o BC voltou a elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano, sinalizando um novo aumento de menor magnitude no próximo encontro, em maio. Para os encontros seguintes, os membros apontam que a incerteza elevada não permite uma orientação clara.

Operadores precificam 61% de chance de uma alta de 0,5 ponto percentual na taxa de juros em maio, com 39% de possibilidade de um aumento de 0,75 ponto.

O contínuo aumento da Selic tem como resultado ampliação do diferencial de juros entre o Brasil e outros países, o que tende a ser positivo para o real devido à atração de investidores estrangeiros.

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