Dólar sobe ante real com investidores à espera das tarifas de Trump
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista fechou a quarta-feira em alta ante o real, acompanhando o avanço da moeda norte-americana no exterior em meio às preocupações em torno da política tarifária do governo dos Estados Unidos.
O dólar à vista fechou em alta de 0,43%, aos R$5,7328, após ter recuado na sessão anterior. No ano, a divisa dos EUA acumula queda de 7,22% ante o real.
Às 17h33 na B3 o dólar para abril -- atualmente o mais líquido no Brasil -- subia 0,60%, aos R$5,7410.
A sessão foi marcada pelo avanço do dólar ante a maior parte das demais divisas ao redor do mundo, em meio às preocupações sobre as tarifas a serem adotadas pelo governo norte-americano.O presidente dos EUA, Donald Trump, convocou uma entrevista coletiva para anunciar tarifas sobre automóveis nesta quarta-feira, e ainda há dúvidas sobre como serão aplicadas as tarifas recíprocas prometidas para 2 de abril.
“As sinalizações vindas da Casa Branca hoje reduziram as esperanças de uma postura mais branda nas políticas comerciais do governo Trump 2.0 em relação à política tarifária”, pontuou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
“Além disso, o presidente do Fed de St. Louis declarou que as incertezas geradas pelas tarifas podem levar o banco central americano a manter as taxas de juros mais altas por mais tempo”, acrescentou.
O presidente do Federal Reserve de St. Louis, Alberto Musalem, disse nesta quarta-feira que os riscos de que a inflação dos EUA fique acima da meta de 2% ou até mesmo suba ainda mais no curto prazo cresceram em função das tarifas.
“Se a economia continuar forte e a inflação permanecer acima de nossa meta, acredito que a política monetária atual, modestamente restritiva, permanecerá apropriada até que haja confiança de que a inflação esteja convergindo para 2%”, disse Musalem.
A perspectiva de juros altos por mais tempo nos EUA são um fator altista para o dólar ante as demais divisas. No Brasil, após marcar a mínima de R$5,6943 (-0,24%) às 9h04, logo após a abertura, o dólar à vista atingiu a máxima de R$5,7489 (+0,71%) às 13h16.
Durante a tarde, o Banco Central informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$6,765 bilhões em março até o dia 21, com saídas de US$6,754 bilhões pelo canal financeiro e saídas de US$11 milhões pela via comercial.
Às 17h32, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,32%, a 104,550.