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Conselheiro de Trump é pressionado a sair após vazar planos de guerra

Michael Waltz, membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, foi escolhido para cargo de conselheiro de Segurança Nacional do governo Trump - ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
Michael Waltz, membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, foi escolhido para cargo de conselheiro de Segurança Nacional do governo Trump Imagem: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo*

26/03/2025 10h34Atualizada em 26/03/2025 10h52

Mike Waltz, conselheiro de Segurança dos Estados Unidos, está sendo pressionado por democratas a deixar seu cargo após adicionar um jornalista a um grupo interno do governo americano que discutia planos de guerra no Iêmen.

O que aconteceu

Democratas pediram investigação e demissão de responsáveis. O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, descreveu-a como "uma das violações mais surpreendentes à inteligência militar" que ele viu em "muito tempo" e pediu uma investigação completa.

"O descuido mostrado pelo gabinete do presidente Trump é impressionante e perigoso", disse Jack Reed, outro senador. Já Ron Wyden, do Oregon, disse acreditar "que deveria haver demissões, a começar pelo conselheiro de Segurança Nacional e pelo secretário de Defesa"

Governo Trump afirmou que nenhum material sigiloso estava nos grupos. A diretora da Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, e o diretor da CIA, John Ratcliffe — ambos presentes no bate-papo — afirmaram em depoimento perante o Comitê de Inteligência do Senado que nenhum material confidencial foi compartilhado.

Membros do comitê disseram que planejavam uma auditoria das conversas. O líder da maioria republicana no Senado, John Thune, disse nesta terça-feira esperar que o Comitê de Serviços Armados do Senado analisasse o uso do Signal pelas autoridades do governo Trump. "É difícil para mim acreditar que os alvos, o tempo e as armas não tenham sido confidenciais", disse o senador Angus King, um independente do Maine que faz parte do grupo dos democratas, durante a audiência.

Trump apoiou Waltz e minimizou falha. "Michael Waltz aprendeu uma lição, e ele é um bom homem", disse Trump à NBC News em uma entrevista por telefone. Em seguida, diminuiu a falha, afirmando que nada grave foi vazado: "foi a única falha em dois meses [de governo] e, no final das contas, não foi séria".

Mais tarde, Trump sugeriu que se tratava de um erro no aplicativo. Na mesma entrevista, o presidente acusou o aplicativo de um "glitch", e mesmo que não era seguro o suficiente para uso do governo. Já em reunião com embaixadores, afirmou que Waltz "não devia se desculpar".

"Acho que ele está fazendo o melhor que pode", disse Trump. "É um equipamento e uma tecnologia que não são perfeitos. E, provavelmente, ele não os usará novamente. Pelo menos não em um futuro muito próximo."

Waltz acabou assumindo culpa por vazamento. "Fui eu quem criou o grupo; meu trabalho é garantir que tudo esteja coordenado", declarou Waltz à Fox News, em sua primeira entrevista desde que a revista The Atlantic revelou a falha. Ele afirmou que não conhece pessoalmente Jeffrey Goldberg, o jornalista adicionado por engano ao grupo.

Entenda o caso

Editor da revista The Atlantic foi adicionado em grupo sobre planos de guerra. Jeffrey Goldberg, editor-chefe do The Atlantic, disse em uma reportagem na segunda-feira que Waltz o adicionou inesperadamente em 13 de março a um grupo de bate-papo criptografado no aplicativo de mensagens Signal, coordenando a ação dos EUA contra os Houthis, grupo rebelde do Iêmen responsável por ataques à navegação no Mar Vermelho.

Grupo era composto por figuras importantes do governo Trump. O grupo no Signal era composto pelos principais encarregados da segurança dos EUA: o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, o secretário de Estado, Marco Rubio, uma pessoa identificada como o vice-presidente J.D. Vance, a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz, a chefe de gabinete de Trump, Susie Wiles, e o assessor do presidente republicano Stephen Miller.

Pete Hegseth, ministro da Defesa no governo Trump - Elizabeth Frantz/REUTERS - Elizabeth Frantz/REUTERS
Pete Hegseth, ministro da Defesa no governo Trump
Imagem: Elizabeth Frantz/REUTERS

Em artigo, Goldberg escreveu que grupo combinou detalhes operacionais horas antes de os EUA lançarem ataques contra houthis do Iêmen. Em 15 de março, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, postou detalhes operacionais sobre o plano no grupo de mensagens, "incluindo informações sobre alvos, armas que os EUA estariam implantando e sequenciamento de ataques".

Grupo depreciou Europa em conversas. Na véspera dos ataques aos houthis, que ocorreram no dia 15 de março, o vice-presidente J.D. Vance expressou dúvidas sobre a pertinência da operação. Ele argumentou que apenas 3% do comércio dos EUA transitava pelo Canal de Suez, contra 40% do comércio europeu. O vice de Trump, ex-senador do Ohio, estimou que havia um risco real de que o público [americano] não entendesse porque o ataque aos houthis era necessário. Na sequência, Vance afirmou que odiava "salvar a Europa".

Secretário de Defesa afirmou compartilhar da visão de Vance sobre Europa. Pete Hegseth acrescentou que tinha "aversão" ao modo como os europeus "vivem às custas" dos Estados Unidos. "É PATÉTICO", escreveu Hegseth em letras maiúsculas. Mike Waltz interveio para afirmar, com números para comprovar, que os europeus eram incapazes de resolver o problema por seus próprios meios. Em seguida, Waltz informou que já estava levantando os custos do ataque para enviar o aviso de cobrança aos europeus.

Relato de jornalista omitiu detalhes por "questões de segurança nacional". Entretanto, Goldberg classificou isso como um uso "chocantemente imprudente" de um bate-papo do Signal.

Casa Branca negou haver informações sigilosas em grupos. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, acusou Goldberg de divulgar com sensacionalismo a história em uma publicação no X. Ela afirmou que nenhum plano de guerra foi discutido e nenhum material confidencial foi enviado ao tópico. Autoridades da Casa Branca e alguns republicanos enfatizaram que o ataque aos Houthis ocorreu sem problemas.

*Com AFP, Reuters e RFi

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