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OPINIÃO

Colunistas opinam sobre o impacto político após Bolsonaro virar réu

A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) tornou réus hoje o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes contra a democracia.

Colunistas do UOL analisam a decisão unânime dos ministros e a situação política de Bolsonaro, pode ser julgado pelo STF até o fim deste ano.

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Carla Araújo

As declarações de Bolsonaro após a decisão do STF indicam que o ex-presidente não irá arrefecer nas críticas ao Judiciário. Também dá sinais de que irá reforçar a estratégia de "perseguido político", visando o jogo eleitoral de 2026. Antes disso, Bolsonaro deve pressionar muito o Congresso para avaliar a pauta da anistia, o que pode atrapalhar os planos do governo em tocar a pauta econômica.

Leonardo Sakamoto

Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado era algo esperado, mas a contundência do STF deve ter assustado o ex-presidente. A partir de agora, ele se debruça sobre duas perguntas: 1) ele topa ser preso em caso de provável condenação ou fugirá para o exterior? e 2) vale mais empurrar uma candidatura fictícia e, no final, colocar seus filhos Eduardo ou Flávio para concorrer ao Palácio do Planalto ou abençoar um aliado mais competitivo que pode, se eleito, lutar por seu perdão, mas transferir de vez a sua liderança? Ressalte-se que parte da direita e do centrão querem que o réu abençoe já outro nome para 2026 a fim de evitar derrota a Lula.

Raquel Landim

Bolsonaro já estava inelegível e agora se tornou réu. Ele vai continuar insistindo em sua candidatura, mas suas chances de ter seu nome na urna em 2026 são próximas de zero.

Suas melhores apostas hoje são pressionar o centrão para uma anistia no Congresso e tentar viabilizar um nome para Presidência da República com condições de vencer e também de negociar de um acordo para livrá-lo da cadeia.

A entrevista com o governador Tarcísio de Freitas na véspera do julgamento foi sintomática. Na política, tudo é símbolo. A principal hipótese hoje é que ele tenha passado o bastão de líder da direita mesmo negando que estivesse entregando o posto.

Reinaldo Azevedo

A síntese da peça acusatória, feita por Paulo Gonet, procurador-geral da República, é devastadora. Estamos diante de um caso que padece até de excesso de provas, o que, curiosamente e a seu modo, as próprias defesas admitem.

Jair Bolsonaro, apontado como o líder da organização criminosa, tenta, por intermédio das redes sociais e de entrevistas a podcasts, atacar a honorabilidade e a independência do Supremo Tribunal Federal, em particular a do ministro Alexandre de Moraes. Não dá para ignorar —e isto está no mundo dos fatos— que, a despeito de as respectivas defesas apelarem a um vocabulário técnico, exercem o seu trabalho em parceria, pouco importa se voluntária ou não, com o trabalho sujo nas redes, que busca atingir a credibilidade da Corte.

Vale dizer: a pregação eleitoral era golpista, o discurso durante o mandato era golpista, e o modo que os acusados têm de se defender segue sendo... golpista.

Tales Faria

Bastavam "indícios de materialidade" para a primeira turma do STF decidir pela abertura de processo. Mas já há tantas provas da liderança do chamado "núcleo crucial" do golpe, comandado por Bolsonaro, que a sessão terminou com a certeza de que o ex-presidente será condenado a uma pena alta. Os ministros decidiram politicamente apenas quando estabeleceram que o julgamento final será na turma e não no plenário. Para não deixar que outros ministros —Nunes Marques e André Mendonça— tomem a decisão política de pedir vista, atrasando o processo em seis meses.

Thais Bilenky

O golpismo está no DNA da República brasileira, mas esta é a primeira vez que militares de alta patente e um ex-presidente são julgados por atentarem contra o Estado democrático de Direito. É um divisor de águas na história do país. Bolsonaro se faz de vítima e trabalha para não perder relevância eleitoral, mas o simbolismo de seu julgamento é incontornável, assim como o seu alijamento político, já em curso.

Wálter Maierovitch

Bolsonaro de indiciado virou réu. A decisão foi técnica, baseada em justa causa e provas com lastro de suficiência com relação à autoria e a existência dos crimes. Politicamente, Bolsonaro agoniza e cada vez mais, busca a anistia como tábua de salvação. Se confirmadas as provas na fase processual o próximo passo será a condenação com pena de prisão em regime fechado.

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