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Colapso de dique agrava emergência ambiental por vazamento de petróleo no Equador

26/03/2025 15h41

O colapso de um dique que ajudava a conter parte dos mais de 25 mil barris de petróleo derramados pela ruptura de um oleoduto há quase duas semanas no noroeste do Equador agravou a emergência ambiental, contaminando rios e praias do Pacífico.

O governo atribuiu o dano em um oleoduto de propriedade estatal ocorrido em 13 de março a uma sabotagem. O vazamento de 25.116 barris de petróleo afetou três rios e o fornecimento de água para várias populações, segundo as autoridades.

Devido às intensas chuvas que caem desde janeiro no país, na terça-feira, um dique de contenção no rio Caple, que se conecta com outros córregos na província costeira de Esmeraldas, na fronteira com a Colômbia, desabou, informou a estatal Petroecuador em um comunicado nesta quarta-feira (26).

Segundo a companhia, sete barreiras de contenção foram instaladas no rio Viche, onde máquinas retiravam pedaços de madeira contaminados com petróleo. Também foi colocado material absorvente nesse afluente, assim como nos rios Caple e Esmeraldas, que desemboca no Pacífico.

A Petroecuador afirmou que os trabalhos também estão sendo realizados para proteger um refúgio natural de vida selvagem, com mais de 250 espécies, como lontras, macacos uivadores, tatus, fragatas e pelicanos.

"Foi um desastre completo", disse à AFP Ronald Ruiz, líder dos moradores da vila de Cube, onde está localizado o dique.

Ele acrescentou que o duro inverno "fez com que o afluente crescesse, trazendo troncos e, consequentemente, rompendo os diques que estavam contendo o petróleo".

Ruiz apontou que cerca de 750 famílias foram afetadas em Cube, onde os habitantes se dedicam à agricultura, pecuária e pesca.

"Temos o rio completamente morto por enquanto, não há atividade de pesca, não podem irrigar as plantações", declarou.

De acordo com o líder comunitário, os pecuaristas tiveram que evacuar seus animais para outras áreas. "Os animais que bebem água deste afluente aparecem mortos por aí", contou.

Após o vazamento, a província de Esmeraldas foi declarada em emergência ambiental, durante a qual foram coletados 30.257 barris de petróleo misturados com água.

O colapso do dique deixou novamente os moradores sem água, o que obrigou a distribuição em caminhões-tanque nesta quarta-feira, segundo a Petroecuador. As autoridades estão ainda distribuindo alimentos e kits de limpeza.

Trata-se de um dos maiores derrames de petróleo dos últimos anos no país. Em 2022, cerca de 6.300 barris afetaram a Amazônia equatoriana, onde, dois anos antes, cerca de 16 mil barris haviam contaminado vários rios.

Em 2024, o Equador extraiu cerca de 475 mil barris de petróleo por dia, seu principal produto de exportação. O país vendeu 73% da produção, o que gerou cerca de 8,64 bilhões de dólares (cerca de 49,5 bilhões de reais).

O petróleo é extraído de poços na selva amazônica e transportado por dois oleodutos até os portos em Esmeraldas.

sp/cjc/ic/am

© Agence France-Presse

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