Topo
Notícias

'Risco iminente de morte': ele caiu de toboágua e fraturou a coluna

do UOL

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

25/03/2025 05h30

Um farmacêutico de 40 anos caiu de um toboágua de sete metros em um parque do Paraná, durante um passeio com a família. Ele fraturou a coluna, pelve, sacro e passou por três cirurgias.

  • ENVIE SUA HISTÓRIA: acha que a sua história de vida merece uma reportagem? Envie um resumo para o email enviesuahistoria@uol.com.br. Se possível, já envie fotos e os detalhes que nos ajudarão a avaliá-la. A redação do UOL pode entrar em contato e combinar uma entrevista.

"Fui lançado e tudo escureceu"

O que era para ser um dia de lazer terminou em tragédia. Thyago Vinicius Oliveira, que mora em Assis Chateaubriand, enfrentou 2h30 de viagem para visitar o parque com filha, a namorada e enteada, no dia 9 de fevereiro. No fim da tarde, antes de ir embora, resolveu descer no último toboágua que ainda não havia experimentado.

Publicidade

Logo na primeira curva do equipamento, Thyago percebeu que algo estava errado. "Eu senti que estava rápido demais. Meu corpo subia muito nas laterais do toboágua. Em segundos, fui lançado para fora e tudo escureceu", lembra.

A queda de sete metros o deixou no chão gritando por socorro. O impacto destruiu parte de sua estrutura óssea. Thyago fraturou a coluna, a pelve, o sacro e o cóccix, além de sofrer uma hemorragia interna.

Não enxerguei mais nada, tudo ficou preto. Só abri os olhos quando bati no chão. A dor era insuportável e comecei a gritar por socorro, mas ninguém aparecia. No chão, eu sentia meu osso da pelve subir. Percebi que estava sangrando muito, minha virilha estava quente de sangue. Eu corri risco iminente de morte.
Thyago Vinicius Oliveira

Os médicos que o examinaram afirmaram que ele sobreviveu por muito pouco. "Eu abri o quadril no meio, e ali passam vasos sanguíneos vitais. Perdi muito sangue. Se estou aqui, foi por Deus", afirma.

Amante dos esportes e praticante de montanhismo, o farmacêutico fraturou estruturas ósseas importantes e agora luta para voltar a andar - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Amante dos esportes e praticante de montanhismo, o farmacêutico fraturou estruturas ósseas importantes e agora luta para voltar a andar
Imagem: Arquivo Pessoal

A fragilidade no transporte também poderia ter sido fatal. "A forma como me colocaram na maca e na ambulância poderia ter piorado a fratura e causado uma hemorragia ainda maior. Passei por um fio entre a vida e a morte", diz.

A espera pelo resgate foi desesperadora. Ele caiu em uma área restrita do parque, onde acredita que ficam máquinas do sistema de bombeamento. "Eu gritava de dor e ninguém chegava. Foi uma eternidade", afirma.

Além de demorar, o socorro parecia amador. "Ninguém se apresentou como médico ou socorrista. Me colocaram na maca cambaleando, me carregaram de qualquer jeito. Eu sentia que minha vida estava por um fio", diz.

A ambulância demorou 40 minutos para chegar. Ele foi levado ao hospital da cidade e depois transferido para Foz do Iguaçu, onde passou por duas cirurgias. Após seis dias, foi encaminhado para Cascavel, onde fez uma terceira operação e precisou de transfusão de sangue.

Recuperação dolorosa

Os médicos disseram que vou precisar de até dois anos de fisioterapia. Tenho que reaprender a andar. Não posso deixar isso me derrubar, tenho uma filha para criar e uma empresa para sustentar.
Thyago Vinicius Oliveira

O parque demorou quatro dias para entrar em contato, segundo Thyago. Ele afirma que a empresa apenas perguntou como ele estava, sem oferecer qualquer tipo de ajuda. "Nunca perguntaram se eu precisava de algo, nem sobre os custos do meu tratamento ou o que estou perdendo por não trabalhar. Não ofereceram nada, apenas lamentaram", diz.

A recuperação tem sido um desafio físico e psicológico. Antes do acidente, ele mantinha uma rotina intensa de atividades físicas, praticando exercícios duas a três vezes por dia. O montanhismo era uma de suas maiores paixões. A perda repentina de mobilidade tem sido um dos aspectos mais difíceis da reabilitação, exigindo um esforço constante para manter o equilíbrio emocional. "Eu sempre fui ativo. Fazia exercício duas, três vezes por dia. Agora não consigo pegar um copo d'água. Isso me destrói por dentro", desabafa.

Ele pretende acionar a Justiça para evitar que outras pessoas passem pelo mesmo. "Depois do meu acidente, várias pessoas me procuraram dizendo que também caíram em brinquedos desse parque. Não sou o primeiro, mas quero ser o último. Ou arrumam esses brinquedos, ou esse parque precisa ser fechado", diz.

O que diz o parque

O Itaipuland Park afirma, em nota, que o atendimento seguiu os protocolos de primeiros socorros. A empresa declarou que sua equipe de socorristas "atuou de imediato" no atendimento a Thyago e que ele foi encaminhado ao serviço médico municipal para os cuidados necessários.

A empresa diz realizar vistorias regulares e garantir a segurança dos visitantes. "Recebemos um grande volume de pessoas diariamente e trabalhamos continuamente para garantir que todas as atrações operem dentro dos mais altos padrões de segurança", afirmou o parque.

O parque nega omissão e afirma que manteve contato com a família. "Nos colocamos à disposição para qualquer necessidade e reafirmamos nosso compromisso com a segurança e o bem-estar de todos os visitantes", declarou.

Notícias

publicidade