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Fim das hostilidades no Mar Negro com apoio dos EUA pode apaziguar tensões entre Ucrânia e Rússia

25/03/2025 16h19

Rússia e Ucrânia concordaram em cessar as hostilidades no Mar Negro, anunciaram os Estados Unidos nesta terça-feira (25), com Washington se dizendo pronto para ajudar Moscou a exportar seus produtos agrícolas e fertilizantes para os mercados globais. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que seu país pretende "implementar" os acordos anunciados pela Casa Branca, incluindo a trégua no Mar Negro.

Ambos os países aceitaram "garantir a segurança da navegação, eliminar o uso da força e impedir o uso de navios comerciais para fins militares no Mar Negro", informou a Casa Branca em dois comunicados distintos, detalhando as discussões realizadas nos últimos dias com os ucranianos e russos na Arábia Saudita.

Kiev se comprometeu a "implementar" os anúncios feitos por Washington, classificando-os como "boas medidas", de acordo com o presidente Volodymyr Zelensky.

Os dois países também concordaram em envolver "países terceiros" na supervisão de uma trégua, o que também foi saudado pelo Kremlin. "Não seria uma má ideia, por exemplo, se alguém na Europa, ou até mesmo na Turquia, pudesse estar envolvido na situação no mar e talvez alguém do Oriente Médio pudesse tratar das questões relacionadas à energia", declarou Zelensky.

O líder ucraniano, no entanto, se opôs a qualquer "afrouxamento" das sanções impostas contra a Rússia, ressaltando que foram os americanos que levantaram essa questão durante as negociações.

Zelensky ainda avaliou que as recentes declarações do enviado norte-americano Steve Witkoff sobre os territórios que a Rússia reivindica como anexados estão alinhadas com a posição de Moscou. "As declarações de Witkoff coincidem fortemente com as mensagens do Kremlin", afirmou Zelensky.

Ele também mencionou que os Estados Unidos haviam proposto uma nova versão de um acordo sobre os minerais ucranianos que os norte-americanos desejam. Contudo, afirmou não ter detalhes sobre esse novo documento.

Além disso, os Estados Unidos se comprometeram a "apoiar os esforços para trocas de prisioneiros, a liberação de civis e o retorno das crianças ucranianas deslocadas à força", indicou a Casa Branca. 

Apoio da Casa Branca

A presidência russa afirmou que os Estados Unidos vão "restaurar o acesso da Rússia ao mercado global para exportação de produtos agrícolas e fertilizantes, reduzir os custos de seguro marítimo e melhorar o acesso a portos e sistemas de pagamento para essas transações", um dos maiores pontos de discórdia da Rússia após as sanções impostas em resposta à invasão da Ucrânia.

No entanto, o Kremlin alertou em um comunicado que esses acordos anunciados por Washington só entrarão em vigor após a "revogação" das restrições ocidentais sobre o comércio de grãos e fertilizantes russos.

Moscou e Washington também vão "elaborar medidas" para permitir a aplicação da trégua de 30 dias nas ofensivas contra as infraestruturas energéticas na Rússia e na Ucrânia, de acordo com o Kremlin.

"Detalhes"

Durante as negociações, os Estados Unidos "repetiram que o presidente Donald Trump queria, de forma imperativa, pôr fim aos assassinatos de ambos os lados".

O ministro ucraniano da Defesa, Roustem Oumerov, pediu a realização de "consultas técnicas adicionais" para resolver os "detalhes" dos acordos anunciados pela Casa Branca. Ele também alertou que "qualquer movimento" de navios de guerra russos no Mar Negro, perto da Ucrânia, será considerado uma "violação" do acordo de cessação das hostilidades.

Um acordo cerealista no Mar Negro havia permitido que a Ucrânia exportasse seus grãos, vitais para a alimentação global, de julho de 2022 a julho de 2023, apesar da presença da frota russa na região. A Rússia, grande exportadora de trigo e fertilizantes, retirou-se unilateralmente desse acordo, acusando os ocidentais de não cumprirem seus compromissos para flexibilizar as sanções às exportações russas.

Combates continuam 

O presidente norte-americano, Donald Trump, sob intensa pressão, conseguiu obter de Kiev o acordo teórico para um cessar-fogo incondicional de 30 dias. Porém, Vladimir Putin, embora tenha evitado confrontar diretamente seu colega americano, listou várias exigências e afirmou que a trégua deveria ser limitada apenas às investidas contra as infraestruturas energéticas.

Trump, que tem sido flexível em relação à Rússia, mencionou a possibilidade de novas sanções nas últimas semanas, embora tenha sido indulgente com Moscou até o momento.

Vladimir Putin, cujas tropas continuam avançando no terreno, apesar das pesadas perdas, parece não estar com pressa de concluir um acordo, principalmente porque as forças ucranianas ainda controlam parte do território na região russa de Kursk.

Apesar das negociações, os combates continuam. Na segunda-feira, um ataque russo deixou 101 feridos, incluindo 23 crianças, em Soumy, no nordeste da Ucrânia, segundo a prefeitura da cidade.

Finalmente, o exército russo anunciou ter conquistado duas localidades no sul e no leste da Ucrânia.

(Com AFP)

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