Bolsonaro chega ao STF para acompanhar julgamento: 'A gente espera justiça'
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou ao STF momentos antes de a Primeira Turma iniciar o julgamento para decidir se ele será declarado réu por tentativa de golpe de Estado.
O que aconteceu
Bolsonaro sentou na primeira fila. Ele está acompanhado de seus advogados Celso Vilardi e Paulo Bueno Cunha.
"A gente sempre espera justiça. Estou bem", declarou a jornalistas momentos antes, quando estava no aeroporto. "Vou estar acompanhando com os advogados agora e, depois, a gente decide o que vai fazer."
O ex-presidente voltou a dizer que as acusações contra ele não têm fundamentação. Afirmou que a Polícia Federal agiu "de forma parcial" nas investigações e questionou a delação do seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, que implicou o ex-presidente na trama golpista para não permitir que o presidente Lula (PT) assumisse o cargo.
"Lava Jato tem quase 200 delações. A minha teve uma, completamente irregular do início ao fim", disse Bolsonaro. Segundo o ex-presidente, Cid foi "pressionado" a fazer o acordo de colaboração premiada. A defesa do ex-ajudante de ordens já negou, em mais uma ocasião, que ele tivesse delatado sob pressão.
O ex-presidente viajou de São Paulo para Brasília. Ontem à noite participou de um podcast na capital paulista, ao lado Tarcísio de Freitas (Republicanos) e disse que não "vai passar o bastão a ninguém". O governador de São Paulo afirmou que Bolsonaro é seu candidato ao Planalto.
Aliados no Congresso
Hoje Bolsonaro ainda se encontra com aliados. Líder do PL, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) declarou que Bolsonaro seguirá "a vida normal". Ou seja, manterá os compromissos de costume.
A bancada bolsonarista na Câmara deve se posicionar. O líder do partido vai se reunir com os parlamentares logo que chegar a Brasília. O encontro serve para definir a reação política ao julgamento.
Serão repassados os pontos que a direita considera frágeis nas denúncias e os argumentos políticos. Mas não devem surgir grandes novidades nos discursos no plenário.
As falas vão reforçar que Bolsonaro não tem um julgamento justo. O deputado Sanderson (PL-RS), por exemplo, dirá que o caso do ex-presidente não deveria estar no STF e vai argumentar que a única prova é uma delação.
Líder da minoria, Carol de Toni (PL-SC) criticará o julgamento. Ela classifica o caso como interferência nos rumos do Brasil. Acrescenta que Mauro Cid sofreu coação para virar delator. A defesa de Cid já negou essa afirmação.
Nenhum dos votos foi proferido e nós já sabemos o que estará sentenciado.
Deputada Carol de Toni (PL-SC)
Roteiro do julgamento
O primeiro a falar é Alexandre de Moraes. O ministro tem este direito porque é quem comanda o inquérito que levou à denúncia de Bolsonaro.
Na sequência, a acusação tem meia hora. Ela será feita por Paulo Gonet, procurador-geral da República. Cada advogado de defesa pode falar por até 15 minutos. A chamada sustentação oral é o momento de defender os clientes.
Por fim os ministros votam. Moraes será o primeiro por ser o relator, mas primeiro ele vai se pronunciar sobre as questões preliminares para só então abordar o mérito da denúncia, ou seja, se vale abrir uma ação penal contra os denunciados. Em seguida, falam:
- Flávio Dino;
- Luiz Fux;
- Cármen Lúcia;
- Cristiano Zanin;
Esquerda também se prepara
A esquerda vai tentar desgastar Bolsonaro ao máximo. Há um esforço para ressaltar as conclusões da Polícia Federal desde que o relatório da investigação foi apresentado, em novembro do ano passado.
A licença de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também está nos discursos. O parlamentar será chamado de "fujão" por Rogério Correia (MG), deputado do PT que pediu a apreensão do passaporte do filho do ex-presidente, medida que foi negada pela Justiça.
Correia diz acreditar que será aberta ação penal contra Bolsonaro. "Ele vai com certeza se transformará em réu", afirma. O petista acrescenta que existe possibilidade de fuga e defende uso de tornozeleira eletrônica.
Outra parte do discurso será que a família Bolsonaro se articula contra o Brasil. Correia alega que Eduardo usa relações com políticos de extrema direita de outros países para atacar o país. Para ele, este trabalho seria feito com consentimento do ex-presidente.
Líder do PT, Lindbergh Farias (RJ) diz que as pessoas que acompanharem o processo vão se surpreender. Ele ressalta a parte que Bolsonaro perdeu a eleição e teria apoiado um plano para matar o vencedor, Lula (PT).
Uma parcela grande dos brasileiros vai tomar um susto com o que vão descobrir. São muitas provas.
Deputado Lindbergh Farias (PT-RJ)