Topo
Notícias

Tá na moda ser pagão? Quem são as bruxas e xamãs do século 21

Flavia Kate Peters (esquerda) e Barbara Meiklejohn-Free - Oli SCARFF / AFP
Flavia Kate Peters (esquerda) e Barbara Meiklejohn-Free Imagem: Oli SCARFF / AFP

24/03/2025 05h30Atualizada em 24/03/2025 13h34

Embora muitas vezes considerados excêntricos e às vezes ridicularizados, druidas, bruxas e outros seguidores do paganismo veem seu número aumentar no Reino Unido.

Para esses autoproclamados pagãos, o equinócio da primavera na quinta-feira promete ser um momento imperdível, uma oportunidade de celebrar o despertar da natureza.

Em dez anos, o número de pessoas que se descrevem como "pagãs" na Inglaterra e no País de Gales aumentou de 57.000 em 2011 para 74.000 no último censo, em 2021.

Além disso, há 8.000 xamãs e 13.000 pessoas que afirmam ser seguidores de outra religião, chamada wicca, que combina bruxaria, xamanismo e mitologia greco-romana.

Wendy Peacock - Oli SCARFF / AFP - Oli SCARFF / AFP
Druidas, bruxas e xamãs puxam o ressurgimento do paganismo no Reino Unido
Imagem: Oli SCARFF / AFP

Sarah Kerr, bruxa e representante do paganismo

"É emocionante ver mais e mais pessoas adotando o paganismo", diz Sarah Kerr, uma bruxa e curandeira de 45 anos, que preside a Federação Pagã do Reino Unido, fundada em 1971.

Kerr diz que tudo é motivado pela necessidade de se reconectar com o mundo natural.

A veneração à natureza é um dos valores dos movimentos pagãos, que geralmente misturam tradições espirituais, politeísmo e crença no poder da magia.

Para marcar o equinócio, Sarah Kerr planeja participar de um ritual em Derbyshire, no centro da Inglaterra, e o enxerga como uma oportunidade de celebrar o "retorno da vida".

No Reino Unido, o ressurgimento do movimento pagão começou a ser observado na segunda metade do século 20. Embora os seguidores tenham enfrentado a ridicularização e a discriminação durante anos, o último censo sugere que muitos agora ousam expressar suas crenças.

Jonathan Woolley, druida e funcionário público

Com seu terno e seu emprego no Ministério do Meio Ambiente, Jonathan Woolley não se encaixa na imagem convencional de druida - uma espécie de sacerdote do antigo povo celta, conhecido pelo curandeirismo.

O funcionário público, de 36 anos, explica que descobriu o movimento quando lia uma história em quadrinhos do Asterix quando criança e decidiu se converter aos 21 anos, quando descobriu que os druidas modernos ainda iam celebrar suas práticas no famoso sítio de Stonehenge, no sudoeste da Inglaterra.

É um "erro clássico" pensar que os pagãos são "pessoas estranhas". "É uma fé como qualquer outra" e seus seguidores fazem "todo tipo de trabalho", ele argumenta.

Para ele, esse número crescente de seguidores "inspira, encanta e nos enche de esperança" e demonstra que o paganismo é "uma espiritualidade moderna profunda, não algo marginal".

Angela Barker, bruxa no TikTok

Angela Barker, uma bruxa de 46 anos de Mansfield, norte da Inglaterra, planeja celebrar o equinócio com um ritual de fogo e uma mistura de ervas purificadoras.

"Sempre tenho um caldeirão no fogão", diz a mulher, que dá continuidade a uma longa tradição familiar.

Barker criou uma conta no TikTok na esperança de conscientizar influenciadores pagãos que ela acredita estarem se desviando dos ensinamentos tradicionais.

Ela também lê cartas de tarô, faz e vende cristais e escreve sobre paganismo. "Sou uma mulher ocupada", ela diz, rindo.

Raegan Shanti, autoproclamada bruxa

Raegan Shanti, que vem de uma família hindu, vê muitos paralelos entre a fé de seus pais e suas próprias crenças.

Esta bruxa e professora de dança, de 37 anos, que passará o equinócio no jardim de sua casa em Bedfordshire, no centro da Inglaterra, está feliz que "mais pessoas estejam entendendo o que é o paganismo".

"Eu sofri discriminação e assédio. Não fui levada a sério. Conheço pessoas que foram demitidas" por isso, enquanto "agora não precisamos mais nos esconder", diz ela.

Andrew Brennand, druida e professor

Quando Andrew Brennand, de 52 anos, abraçou o paganismo na década de 1990, ele sentiu como se estivesse "voltando para casa".

A ênfase na natureza e no serviço comunitário atraiu este professor de Lancaster, no norte da Inglaterra.

Como druida, ele celebrará o equinócio com os membros da sua congregação.

Brennand notou um interesse crescente pelo paganismo, até mesmo nas aulas de ensino religioso nas escolas.

Ele considera "reconfortante" não se sentir mais "estranho", como se sentia no passado. Sua filha, de 19 anos, também se tornou druida.

Notícias

publicidade