Passou da hora da CBF trocar Dorival por Filipe Luis

Qualquer que seja o resultado do jogo contra a Argentina, na terça-feira, em Buenos Aires, já está passando da hora de a CBF tomar uma decisão sobre o comando técnico da seleção brasileira que irá à Copa de 2026.
Das dez seleções que disputam as eliminatórias sul-americanas, seis se classificarão para a disputa, e é certo que o Brasil estará entre elas. A sétima colocada ainda tem a chance de ir ao Mundial pela repescagem. O problema é depois: pelo futebol que a seleção mostrou até agora, após 15 jogos sob o comando de Dorival Júnior, não temos a menor chance de lutar pelo hexa.
Mas nem tudo está perdido. Depois de conquistar três títulos, com apenas duas derrotas, desde que assumiu o Flamengo no ano passado, o técnico Felipe Luis, melhor técnico em atividade no país, desponta como sucessor natural de Dorival.
Esperar ainda o quê? Falta pouco mais de um ano para começar a Copa e não temos até hoje um time com a camisa da CBF em que o torcedor brasileiro possa confiar.
Com atuações medíocres na Copa América e nas eliminatórias, grandes craques do futebol mundial perdidos em campo, sem criatividade, sem ousadia, sem um esquema de jogo definido, o Brasil levou um nó tático na partida de quinta-feira contra a Colômbia e só chegou à sofrida vitória por 2 a 1, em Brasília, já nos descontos, com um gol de Vini Jr. num chute de fora da área.
Assim como falamos que tem jogador de clube, mas não de seleção, o mesmo vale para os técnicos. Dorival não brilhou nos muitos clubes medianos por onde passou na carreira antes de conquistar títulos por Flamengo e São Paulo, que o levaram para a seleção, depois do fracasso de Fernando Diniz, um técnico interino.
Vão dizer que Filipe Luis ainda é muito jovem e inexperiente, mas Lionel Scalone, atual campeão mundial com a Argentina, também tinha pouca experiência como técnico quando assumiu a seleção principal, depois de passar pelo sub-20 e clubes menores. Tinha 40 anos. Filipe Luis tem 39.
Scalone renovou a seleção após o fracasso da Argentina na Copa da Rússia, devolveu a confiança aos jogadores, montou um time competitivo em torno de Messi, que dava gosto de ver jogar, ao mesmo tempo eficiente e que encantava a torcida.
A seleção brasileira de Dorival não consegue mostrar uma coisa nem outra. Inseguro nas entrevistas e na beira do campo, o técnico brasileiro justificou o mau futebol no último jogo com o batido argumento de que o importante é vencer, ganhar os três pontos, não é preciso jogar bonito. Com ele, de fato, os badalados astros brasileiros, que encantam a Europa, não brilharam até hoje.
Nas convocações para a seleção, sempre dizem que futebol é momento para justificar os escolhidos. Isso vale também para os técnicos. O momento é de Filipe Luis, que pegou um Flamengo de futebol burocrático treinado por Tite e, em pouco tempo, com os mesmos jogadores, botou a moçada para jogar na vertical, com alegria, buscando sempre o gol, como nos bons tempos de Jorge Jesus. Agradou a torcida e conquistou títulos.
Até quem não é Flamengo, como eu, que sou são paulino, gosta de ver esse time de Filipe Luis jogar. O time de Dorival dá aflição. Se o Brasil quer ir à Copa para ganhar o hexa e voltar a mostrar o verdadeiro futebol brasileiro, e não apenas participar, chegou a hora de criar coragem para trocar o técnico.
Dorival é passado, Filipe é futuro. Um espera pela volta de Neymar, um ex-jogador em atividade em quem não dá para confiar; o outro, pode dar chances a moleques como Estevão e Endrick, tirar a seleção do marasmo e devolver a confiança aos jogadores e a esperança à torcida.
A hora é agora.
Vida que segue.