Negociações em Riad: Ucrânia e EUA pressionam por trégua; Rússia prioriza grãos
As negociações entre ucranianos e americanos sobre uma possível trégua parcial na guerra com a Rússia começaram neste domingo (23) em Riad, um dia antes do início das discussões entre Moscou e Washington, também na Arábia Saudita. Enquanto o Kremlin prevê conversas "difíceis" entre as delegações russa e americana, o enviado especial de Donald Trump, Steve Witkoff, se mostrou otimista, dizendo que esperava um "progresso real".
As negociações entre ucranianos e americanos sobre uma possível trégua parcial na guerra com a Rússia começaram hoje em Riad, um dia antes do início das discussões entre Moscou e Washington, também na Arábia Saudita.
Enquanto o Kremlin prevê conversas "difíceis" entre as delegações russa e americana, o enviado especial de Donald Trump, Steve Witkoff, se mostrou otimista, dizendo que esperava um "progresso real".
"Iniciamos a reunião com a equipe americana em Riad", escreveu no Facebook o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, que liderou a delegação enviada por Kiev.
Washington e Kiev pressionam por, no mínimo, uma interrupção temporária dos ataques a instalações de energia, que foram amplamente danificadas no lado ucraniano após mais de três anos de invasão russa.
Segundo Umerov, "a agenda inclui" propostas destinadas a proteger energia e instalações essenciais.
Anteriormente, a Ucrânia também havia dito que estava "pronta" para um cessar-fogo "geral" e incondicional. Mas o presidente russo Vladimir Putin, quer ganhar tempo até que seu Exército expulse as tropas ucranianas da região da fronteira de Kursk.
Até agora, o Kremlin alega ter apenas concordado com Washington sobre uma moratória sobre o bombardeio da infraestrutura energética de ambos os lados.
Seu porta-voz, Dmitry Peskov, já diminuiu as expectativas em torno dessas novas discussões. "Este é um assunto muito complexo e há muito trabalho a ser feito", disse ele na televisão russa, estimando que as negociações na segunda-feira seriam "difíceis".
"Estamos apenas no começo", enfatizou, no caminho para uma solução do conflito, desencadeado pela ofensiva russa contra a Ucrânia em fevereiro de 2022.
Como símbolo das diferenças entre os dois lados, a delegação ucraniana é liderada pelo Ministro da Defesa, enquanto Vladimir Putin decidiu enviar um senador e ex-diplomata de carreira e um oficial do Serviço Federal de Segurança (FSB), ambos oficiais de escalão inferior.
Acordo do Mar Negro
Outra diferença notável é que Dmitry Peskov declarou no domingo que "o principal" ponto nas negociações entre russos e americanos seria "a retomada" da implementação do acordo de grãos do Mar Negro, omitindo completamente qualquer possível compromisso de suspender os combates, sejam eles limitados ou incondicionais.
Este acordo, em vigor entre 2022 e 2023, permitiu à Ucrânia exportar seus cereais, vitais para a alimentação mundial, apesar da presença da frota russa na área.
A Rússia se retirou após um ano do acordo, reclamando que o Ocidente não estava respeitando seus compromissos de aliviar as sanções às exportações russas de produtos agrícolas e fertilizantes.
"Nossos negociadores estarão prontos para discutir as nuances que cercam essa questão", continuou Peskov.
Steve Witkoff, por sua vez, disse acreditar que um "progresso real" seria feito com os russos na segunda-feira, "particularmente em relação ao Mar Negro".
O enviado dos EUA falou na Fox Television sobre "um cessar-fogo nos navios entre os dois países e, a partir disso, naturalmente caminharemos para um cessar-fogo total".
Avanços nos combates
Paralelamente a essas discussões diplomáticas, o exército ucraniano anunciou no domingo que havia recapturado a pequena cidade de Nadia, na região oriental de Lugansk, um raro sucesso para os militares ucranianos nesta área quase totalmente controlada pela Rússia.
As forças russas, por sua vez, anunciaram no domingo que haviam tomado a cidade de Sribne, também no leste da Ucrânia. Na noite anterior, eles também atacaram Kiev "massivamente", usando drones, de acordo com autoridades locais, deixando três mortos e dez feridos.
Após o ocorrido, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu aos seus aliados que pressionassem Moscou para "encerrar" o conflito. O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Andrii Sybiga, denunciou o "terror sistemático" da Rússia, que "prejudica os esforços de paz".
A Ucrânia responde aos bombardeios russos atacando alvos militares ou energéticos diretamente em solo russo.
Um homem morreu em um ataque de drone contra seu carro na região de Rostov, no sudoeste da Rússia, de acordo com o governo regional.
(Com AFP)