Jovens da Bahia são acusadas de racismo por vídeo sobre ter filhos negros
Duas jovens foram acusadas de racismo após a divulgação de um vídeo nas redes sociais com falas pejorativas sobre relacionamento com homens negros.
O que aconteceu
Vídeo é divulgado nas redes sociais. A gravação foi publicada por uma das jovens na última sexta-feira (21). No vídeo, elas riem e fazem comentários preconceituosos sobre a possibilidade de casar e ter três filhos com um "negão" em troca de R$ 2 milhões. Uma delas chega a questionar se as crianças poderiam ser entregues para adoção, alegando que teria "muito preto na família".
Jovens fazem comentários racistas. Na gravação, uma delas diz: "Você casaria com negão, muito preto, preto assim [aponta para a cor da calça] e teria três filhos por R$ 2 milhões? É muito preto na família, não basta o pai, mais três". A outra complementa: "Rapaz, é muito filho", e questiona: "Mas não poderia dar para a adoção?". As duas riem da situação e finalizam o vídeo.
Estudantes se revoltam após vídeo viralizar. As jovens são alunas de Direito na UCSal (Universidade Católica de Salvador) e de Odontologia na Unime (União Metropolitana de Educação e Cultura). A gravação ganhou repercussão nas redes sociais após estudantes das faculdades expressarem indignação com as declarações.
UCSal repudia o caso e reforça compromisso contra o racismo. Em nota, a universidade lamentou o ocorrido e afirmou que "não compactua com nenhum tipo de violência, desrespeito ou prática preconceituosa em ambiente acadêmico". A atlética de Direito da instituição também se manifestou, destacando que a "educação racial e a ocupação de espaços" fazem parte de seus valores e que atuam "além da teoria para fortalecer ambientes igualitários e combater o racismo estrutural".
Unime se posiciona e promete medidas cabíveis. A universidade declarou estar ciente da situação e afirmou que está "adotando todas as providências necessárias para garantir que os devidos esclarecimentos e providências sejam tomados".
Escritora Bárbara Carine critica naturalização do racismo. A professora e fundadora da primeira escola afro-brasileira do Brasil usou as redes para debater as declarações racistas feitas no vídeo. Para ela, as jovens refletem grande parte das pessoas no Brasil, que pela "ótica do politicamente correto, nos seus núcleos [familiares, de amigos] falam coisas absurdas, mas que publicamente seguram a onda por entenderem haver um grau de reprovação social em torno dessas falas". Ela ainda completa que é um "ciclo que se perpetua na sociedade".