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Faculdade de medicina soube em 2017 de frase misógina usada por alunos

Calouros da Atlética de medicina da Faculdade Santa Marcelina posam com faixa que faz apologia ao estupro - Reprodução/ Redes Sociais/Cedido ao UOL
Calouros da Atlética de medicina da Faculdade Santa Marcelina posam com faixa que faz apologia ao estupro Imagem: Reprodução/ Redes Sociais/Cedido ao UOL
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Gustavo Ferreira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/03/2025 05h30Atualizada em 23/03/2025 08h29

A faixa de calouros de medicina com mensagem de apologia ao estupro no Intercalo 2024 não é um caso isolado na Faculdade Santa Marcelina. Em 2017, o Coletivo Feminista Francisca denunciou publicamente um hino cantado por alunos da atlética que trazia conteúdo misógino e referências explícitas à violência contra mulheres, incluindo a frase usada na faixa deste ano.

"Na ocasião, a própria associação tomou medidas imediatas, entre elas, o banimento do hino e o repúdio ao ocorrido", afirma a faculdade.

O que aconteceu

Coletivo Feminista Francisca publicou em março de 2017 uma denúncia sobre o hino da AAAPV (Associação Atlética Acadêmica Pedro Vital). Na publicação, é dito que a música era cantada em festas e eventos da faculdade, segundo relatos de estudantes. Fonte ouvida pelo UOL reforçou que a música era amplamente conhecida e entoada em eventos acadêmicos.

Música foi banida pela atlética e outras entidades esportivas após a denúncia. Uma semana depois, o coletivo fez outra publicação agradecendo o apoio e dizendo que "a abolição da mesma [música], foi o mínimo a ser feito, tendo em vista seu conteúdo claramente violento e opressor"

Faculdade Santa Marcelina não se pronunciou oficialmente à época, apesar da repercussão. Em nota enviada ao UOL na última quarta-feira, a instituição afirmou que não teve acesso à denúncia e, por isso, não agiu.

A Faculdade Santa Marcelina esclarece que, em 2017, não teve acesso à denúncia feita pelo Coletivo Feminista Francisca sobre o teor do hino dos estudantes que participavam da Associação Atlética Acadêmica. Na ocasião, a própria associação tomou medidas imediatas, entre elas, o banimento do hino e o repúdio ao ocorrido. Faculdade Santa Marcelina, em nota enviada ao UOL

Lucimara Duarte Chaves, diretora acadêmica, afirmou que nunca tinha tido conhecimento sobre o hino ou seu teor. Depoimento foi dado na última terça-feira durante um inquérito policial instaurado para apurar os casos recentes envolvendo a universidade, ao qual a reportagem teve acesso. Ela está no cargo desde junho de 2017, portanto após a denúncia do coletivo.

A torcida Sangue Azul e Amarelo, suposta compositora do hino, se manifestou apenas após o caso recente envolvendo a faixa. Em publicação, a torcida repudiou a apologia ao estupro e afirmou que não compactua com discursos de ódio.

Entenda o caso

Membros da atlética da Faculdade Santa Marcelina posaram para uma foto segurando uma faixa com a frase: "entra porra escorre sangue". O caso aconteceu antes de uma partida de handebol.

A atlética publicou uma nota atribuindo a confecção da faixa aos calouros. Após repercussões internas, foi publicado um segundo comunicado afirmando que o presidente e vice-presidentes da gestão 2025 foram afastados.

Estudantes afirmam que a atlética foi responsável pela compra da faixa e pela inscrição da frase. Alunos relataram que a faixa foi feita após um treino de futsal no último dia 13 com participação direta dos membros.

A Faculdade Santa Marcelina declarou que "se manifesta veementemente contrária ao ocorrido". A instituição afirmou que os responsáveis serão penalizados conforme a gravidade da infração. As punições podem incluir advertências, suspensão e até expulsão. A faculdade também afirmou que acionou as autoridades competentes para investigarem o caso. Um inquérito foi aberto pelo Ministério Público.

O Centro Acadêmico Adib Jatene e outras entidades estudantis classificaram o episódio como apologia ao estupro. A frase da faixa, segundo fontes, foi inspirada em uma letra de uma música cantada por alunos, banida pela instituição em 2017.

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