VW Kombi 'Made in Brazil' vira febre no exterior e tem preços nas alturas
A Volkswagen Kombi não é originária do Brasil, mas nosso país vem se especializando na venda do furgão para diferentes continentes. A demanda é tão grande que já existem oficinas especializadas nos modelos "padrão exportação", que podem se destacar pela fidelidade ou pelo grau de customização.
No primeiro caso, as unidades brasileiras já são mais propícias à boa preservação, dado que o clima de lugares como Europa e Estados Unidos é um problema para veículos antigos. "Lá neva e eles usam sal para derreter o gelo na estrada. Daí, apodrece tudo", explicou ao UOL Carros, Reginaldo Ricardo Gonçalves.
Mais conhecido como Reginaldo de Campinas, o famoso colecionador destaca que, dentre todas as variantes, nenhuma faz tanto sucesso quanto a Kombi Corujinha, produzida nacionalmente entre 1957 e 1975.
Na Alemanha, a Corujinha — que tem esse nome devido à dianteira que lembra o bico da ave — teve a fabricação encerrada em 1967, de modo que menos unidades sobraram para os colecionadores, por exemplo.
Uma das maiores restauradoras de Kombi do Brasil é a Macfel, de Indaiatuba (SP). A procura estrangeira é tamanha que o site da oficina aparece prioritariamente em inglês no Google.
O portfólio da Macfel inclui, desde 2021, cerca de 230 unidades da van, restauradas de olho na fidelidade ou abrindo margem para a imaginação. Ao todo, estima-se que a empresa já tenha cuidado de 616 Kombi em pouco mais de uma década. Cada projeto é único e, além de catalogado, têm os detalhes guardados no acervo dos paulistas.
A Kombi 4 You, por sua vez, fica em Atibaia (SP), mas tem escritórios na Inglaterra e nos Estados Unidos. Os sócios Thiago Arena e Cadu Greggio viveram anos na Europa, onde fizeram contatos e estudaram sobre negócios. Não à toa, frisam que um dos principais serviços da empresa é facilitar a entrega das unidades para colecionadores de fora do Brasil.
À pronta entrega, há nove Kombi anunciadas na página da Kombi 4 You. Uma delas, uma Corujinha de 1975, sai, com desconto, por R$ 175.000. Parece muito, mas a força do euro e do dólar frente ao real torna os produtos brasileiros mais atraentes para clientes do Hemisfério Norte, explica Reginaldo de Campinas.
Nem todos, porém, buscam mera fidelidade ao projeto original. Nesses casos, há o serviço oferecido por preparadoras como a Império das Kombis: a oficina de Campinas (SP) assume que "gosta do desafio" de pegar unidades muitas vezes em mau estado a fim de reimaginá-las à moda do freguês.
Um cliente brasileiro, por exemplo, queria uma unidade que servisse para acampamentos em lugares remotos. A solução foi incrementar uma Kombi T2 com bancos de couro marrom e móveis que mesclam madeira de peroba rosa com metal.
A tapeçaria do furgão também foi entregue sob medida, assim como a pintura exclusiva em tons foscos de branco, verde e preto. Outras soluções personalizadas incluem o novo volante (com folga na direção solucionada), o teto solar e o bagageiro. Em termos tecnológicos, as atualizações incluem ar-condicionado digital, central multimídia e sistema de som com maior qualidade.
A tendência é que a exportação continue: no Brasil, a Kombi "à moda antiga" (correspondente às duas primeiras gerações) foi produzida até 2013, com cerca de 1,4 milhão de unidades vendidas.
As Corujinhas estão cada vez mais raras mas, à medida que o tempo passa, unidades de segunda geração vão ficando mais desejadas. Com demanda cada vez maior e farta oferta, nunca foi tão bom negócio o garimpo das VW Kombi nacionais para exportação.