Negociações entre Itália e Starlink de Elon Musk são paralisadas
As negociações entre o governo italiano e a Starlink, operadora de internet via satélite de Elon Musk, estão paralisadas, conforme revelou a agência de notícias Reuters hoje. O contrato previa investimentos de 1,5 bilhão de euros (cerca de R$ 9,2 bilhões) para fornecer comunicações seguras para diplomatas e autoridades de defesa italianas. Apesar da primeira-ministra, Giorgia Meloni, ter dito em janeiro que não havia negociações, o acordo estava prestes a ser fechado, conforme a publicação.
O que aconteceu
Ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, em entrevista ao jornal La Repubblica, revelou que as negociações foram desviadas de um foco técnico para questões relacionadas às "declarações" públicas de Elon Musk, sem especificar quais afirmações teriam gerado o impasse. Crosetto fez um apelo para que as conversas retornem ao âmbito técnico, enfatizando a urgência de uma solução para atender às necessidades de comunicação em áreas de risco, especialmente no Mediterrâneo, região onde a Itália mantém uma presença estratégica.
Além de continuar com as discussões com a Starlink, o governo italiano também considera a possibilidade de desenvolver sua própria infraestrutura de satélites de órbita baixa. Andrea Stroppa, representante de Musk, sugeriu que a Starlink poderia ser uma solução eficaz a curto prazo, mas que, a longo prazo, a Itália poderia estabelecer uma rede independente com seus parceiros europeus. Contudo, as controvérsias sobre o envolvimento de uma empresa privada e a influência de Musk no cenário político europeu alimentam um debate crescente sobre a soberania digital da Itália.
A situação gerou divisões internas no governo italiano. Enquanto o vice-premiê Matteo Salvini, aliado de Musk, defende uma maior aproximação com os Estados Unidos, incluindo apoio a Trump e Musk, setores da oposição questionam a segurança de entregar um serviço crítico a uma empresa privada estrangeira. Maurizio Gasparri, líder do grupo no Senado pelo partido Força Itália, acusou Musk de ser um "bandido fiscal", em referência ao não pagamento de impostos pelas grandes empresas de tecnologia. A relação do bilionário com os EUA e a proximidade com Trump elevam as tensões internas, especialmente considerando o impacto político disso nas relações da Itália com a União Europeia.
Primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, tem tentado equilibrar as relações com os Estados Unidos e a necessidade de garantir a segurança nacional. Em janeiro, ela defendeu o envolvimento crescente de Musk no cenário político, destacando que sempre avaliou os investimentos estrangeiros com base no "interesse nacional" e não em relações pessoais. Meloni havia dito, na época, que nunca discutiu com Musk um acordo sobre comunicações seguras, enfatizando que o governo italiano está ainda na fase de investigação e não compreende as críticas que surgiram.
Além das telecomunicações, Elon Musk tem se envolvido em outras questões políticas internas da Itália. Em setembro de 2024, o bilionário fez declarações polêmicas sobre o caso de Matteo Salvini, que enfrenta acusações relacionadas ao bloqueio de imigrantes no Mediterrâneo em 2019. Musk usou a plataforma, o "X", para defender Salvini, criticando a decisão do Ministério Público italiano que pedia a condenação. A intervenção tem gerado um crescente desconforto dentro da política italiana.