Líbano alerta para risco de 'nova guerra' após ataques israelenses em seu território
Líderes libaneses denunciaram no sábado (22) a "contínua" agressão israelense contra seu país e alertaram sobre o risco de uma "nova guerra" após os tiros israelenses em seu território. No sábado, três foguetes foram disparados do Líbano em direção a Israel, mas foram interceptados pelo exército israelense. Tel Aviv respondeu com ataques e fogo de artilharia em várias aldeias no sul do Líbano.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou imediatamente que o Exército atacasse "alvos terroristas" no Líbano. O chefe do Estado-Maior israelense, Eyal Zamir, prometeu uma "resposta severa" aos ataques com foguetes, e o ministro da Defesa, Israel Katz, disse que Israel "não poderia permitir que foguetes fossem disparados do Líbano contra comunidades no norte da Galileia".
O Exército israelense anunciou que havia atingido "dezenas de lançadores de foguetes e um centro de comando de onde terroristas do Hezbollah estavam operando" no sul do Líbano. Pouco depois, o Hezbollah negou estar envolvido nos ataques com foguetes.
De acordo com a agência nacional de notícias libanesa ANI, citando o Ministério da Saúde, duas pessoas, incluindo uma criança, foram mortas e oito ficaram feridas em um dos ataques "inimigos" na cidade de Touline.
Um acordo de cessar-fogo encerrou, em 27 de novembro, a guerra entre o Exército israelense e o Hezbollah, que havia atacado Israel em solidariedade ao movimento islâmico palestino Hamas no início da guerra em Gaza em outubro de 2023.
A trégua foi relativamente respeitada, apesar das acusações mútuas de repetidas violações. O Exército israelense manteve tropas no sul do Líbano em cinco posições estratégicas perto da fronteira norte de Israel.
Sirenes de ataque aéreo soaram no início da manhã deste sábado em Metula, uma cidade israelense perto da fronteira com o Líbano. Desde a trégua, apenas 8% da população retornou a Metula e alguns moradores partiram no sábado após os ataques com foguetes, disse o prefeito da cidade, David Azoulay.
Escalada
Após os disparos contra Israel, o Exército libanês anunciou que havia "encontrado três lançadores de foguetes caseiros em uma área ao norte do Rio Litani", a cerca de 30 km da fronteira israelense, e "procedeu a desmontá-los".
A força de paz da ONU enviada ao sul do Líbano disse estar "preocupada" com uma "possível escalada".
O primeiro-ministro libanês Nawaf Salam alertou contra o risco da retomada das operações militares na fronteira sul. "Isso pode arrastar o Líbano para uma nova guerra, com consequências desastrosas", disse, acrescentando que entrou em contato com o Ministro da Defesa, "para garantir que somente o Estado tenha o poder de decidir sobre guerra e paz".
Na época dos ataques com foguetes contra Israel em solidariedade ao seu aliado, Hamas, em outubro de 2023, o Hezbollah, apoiado pelo Irã, era um ator-chave na política libanesa e o movimento mais poderoso do país. A organização, a única facção no Líbano que manteve suas armas após a Guerra Civil Libanesa (1975-1990), foi então acusada por seus detratores de ser um "estado dentro de um estado".
Mas o movimento libanês emergiu muito enfraquecido, com sua liderança dizimada da última guerra com Israel, que se estendeu de setembro a novembro de 2024. No ano passado, as hostilidades transfronteiriças se transformaram em guerra aberta com bombardeios massivos no Líbano, particularmente em redutos do Hezbollah, antes do acordo de cessar-fogo em novembro.
Após o início dos ataques com foguetes do Hezbollah contra Israel após a guerra de Gaza, cerca de 60.000 moradores fugiram do norte de Israel. Apenas uma pequena fração retornou para casa nas últimas semanas após receber sinal verde das autoridades.
Do lado libanês, mais de um milhão de pessoas fugiram do sul do país, incluindo cerca de 100.000 que continuam deslocadas, de acordo com a ONU.
Sob os termos do acordo de cessar-fogo mediado pelos EUA, Israel deveria se retirar do sul do Líbano, onde apenas o Exército libanês e as forças de paz da ONU seriam mobilizados.
O Hezbollah, por sua vez, deveria desmantelar sua infraestrutura e se retirar para o norte do Rio Litani.
Apesar da trégua e antes dos ataques de sábado, o Exército israelense realizou vários ataques no Líbano, muitas vezes mortais, alegando ter como alvo "estruturas terroristas" ou autoridades do Hezbollah.
(Com AFP)