George Foreman, um dos maiores boxeadores de toda a história, morre aos 76 anos
O ex-campeão mundial de boxe George Foreman, que perdeu uma luta histórica contra Muhammad Ali antes de recuperar o título duas décadas depois, morreu na sexta-feira (21) aos 76 anos, anunciou sua família em comunicado.
"Com profunda tristeza, anunciamos o falecimento do nosso amado George Edward Foreman Sr., que partiu em paz em 21 de março de 2025, cercado por seus entes queridos", diz a nota da família do ex-pugilista.
"Somos gratos pela demonstração de amor e orações, e pedimos gentilmente privacidade enquanto honramos a vida extraordinária de um homem que tivemos a bênção de chamar de nosso", continua o texto.
Nascido em 10 de janeiro de 1949 em Marshall (Texas), Foreman cresceu em Houston. Quando adolescente, flertou com o crime e abandonou a escola aos 16 anos.
"Aos 13 anos, George tinha 1,90 metro, pesava 90 quilos e era o terrorista do bairro", disse seu irmão mais novo, Roy, à BBC em 2024. "E quando você fica maior e mais forte e acha que é melhor que todo mundo, você consegue coisas".
Aos 16 anos, começou a lutar boxe.
"Queria ser jogador de futebol americano", disse Foreman em seu site. "Tentei o boxe só para mostrar para os meus amigos que não tinha medo. Bem, 25 lutas e um ano depois, eu era um medalhista de ouro nas Olimpíadas".
Ouro olímpico
Nos Jogos da Cidade do México de 1968, Foreman, de 19 anos, ganhou o ouro na categoria superpesado.
Comemorando sua vitória, 10 dias depois que seus compatriotas afro-americanos Tommie Smith e John Carlos fizeram o gesto de protesto contra a segregação racial no pódio dos 200m rasos, Foreman empunhou uma bandeira dos Estados Unidos no ringue.
Com 1,93 m de altura, "Big George" era maior e mais forte que os outros pesos pesados da época. Ele era rápido no jogo de pés e foi abrindo caminho na carreira profissional até ganhar o título dos pesos pesados contra o campeão Joe Frazier, a quem derrotou em dois rounds.
Em outubro de 1974, em Kinshasa, então capital do Zaire (hoje República Democrática do Congo), Foreman, invicto em 40 lutas como profissional, defendeu seu título pela terceira vez contra Ali e perdeu em oito assaltos. A derrota minou a aura intimidadora do campeão, especialmente em sua própria mente.
"Eu não conseguia acreditar que tinha perdido o título mundial", ele disse mais tarde. "Foi o momento mais embaraçoso da minha vida. Eu fui do orgulho à vergonha. É devastador".
Em março de 1977, em Porto Rico, ele perdeu por pontos para Jimmy Young e sua disputa pelo título terminou. Foreman ficou doente após a luta e disse que sentiu Deus lhe dizendo para mudar de vida.
Aposentou-se aos 28 anos e virou pastor. Dez anos depois, anunciou seu retorno, já sem o mesmo vigor de antes. Mais tarde, escreveu que precisava de dinheiro para seu centro juvenil.
Nocaute
Nos três anos seguintes, lutou 21 vezes, a maioria contra adversários medianos, e venceu todos.
Em 1990 nocauteou o brasileiro Adilson Maguila Rodrigues. No ano seguinte, teve uma oportunidade de recuperar o título contra Evander Holyfield e, dois anos depois, contra Tommy Morrison. Nas duas ocasiões, foi derrotado por pontos.
Em novembro de 1994, enfrentou Michael Moorer, que havia derrubado Holyfield. Com o mesmo calção que usou 20 anos antes contra Muhammad Ali, Foreman estava perdendo quando acertou o queixo de Moorer no décimo assalto e venceu por nocaute.
Aos 45 anos e 299 dias, se tornou o mais velho campeão mundial dos pesos pesados.
Ele perdeu primeiro o título da WBA e depois o título da IBF por se recusar a lutar contra oponentes designados. No entanto, Foreman venceu mais três lutas e ainda era o campeão mundial "linear" quando perdeu por pontos para Shannon Briggs em 1997, aos 48 anos, e novamente se aposentou.
Foreman lutou 81 vezes como profissional, vencendo 76 combates, 68 deles por nocaute.
Garoto-propaganda milionário
Em 1994, ele deu o nome à "George Foreman Lean Mean Fat-Reducing Grilling Machine", aparecendo sorridente e amigável em comerciais de televisão, tornando-se uma celebridade fora do boxe.
Foreman, que apresentou o programa de televisão "Bad Dads" em 1996, foi casado quatro vezes, teve dez filhos e adotou dois.
Ele batizou seus cinco filhos homens com o nome de George Edward, explicando que queria que eles soubessem: "Se um de nós subir, todos subiremos juntos, e se um de nós cair, todos cairemos juntos!".
(com AFP)