Caracas anuncia que volta a aceitar voos com imigrantes venezuelanos repatriados dos Estados Unidos
A Venezuela anunciou no sábado (22) que havia concordado com Washington em retomar a repatriação de imigrantes irregulares venezuelanos por avião dos Estados Unidos. O governo americano anunciou na sexta-feira (21) um decreto encerrando a permanência de mais de 500.000 imigrantes latino-americanos, que viviam legalmente nos Estados Unidos. Eles têm 30 dias para deixar o país.
"Para garantir o retorno de nossos compatriotas e, ao mesmo tempo, proteger seus direitos humanos, concordamos com o governo dos EUA em retomar a repatriação de migrantes venezuelanos com um primeiro voo amanhã, domingo, 23 de março", diz o comunicado assinado por Jorge Rodriguez, presidente da Assembleia Nacional e chefe das negociações com os americanos.
"Imigrar não é um crime e não descansaremos até a volta de todos aqueles que solicitarem e de salvarmos nossos irmãos e irmãs sequestrados em El Salvador", conclui o texto, se referindo aos 238 venezuelanos deportados em 16 de março, pelos Estados Unidos, a El Salvador, onde estão presos acusados de fazerem parte de grupos criminosos. Caracas exige sua libertação.
Os voos de migrantes venezuelanos expulsos dos Estados Unidos estavam suspensos. Apenas um avião transportando 300 venezuelanos que tentavam chegar aos Estados Unidos, mas ficaram presos no México, pousou em Caracas na quinta-feira (20).
Não houve voos desse tipo desde que o chefe de Estado americano revogou, no final de fevereiro, a licença concedida ex-presidente Joe Biden ao grupo petrolífero americano Chevron para trabalhar na Venezuela, apesar das sanções impostas ao país.
Na quinta-feira, dia em que o avião proveniente do México pousou em Caracas, Washington destacou que os voos de repatriação de migrantes venezuelanos dos Estados Unidos para a Venezuela não foram retomados. "Nicolás Maduro e seus comparsas continuam mentindo (...). Maduro deve parar de mentir e programar voos de repatriação regulares e semanais."
Washington não reconheceu a última reeleição do Maduro em julho passado como presidente da Venezuela. Os Estados Unidos já haviam imposto sanções ao país após a reeleição de Maduro em 2018, em uma votação boicotada pela oposição. Os dois países romperam relações oficiais em 2019.
Washington vai expulsar mais de 500 mil latino-americanos
Na sexta-feira (21) o governo americano informou que baixaria um decreto encerrando o status legal de mais de 500.000 migrantes latino-americanos.
A decisão afeta aproximadamente 532.000 cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos que chegaram aos Estados Unidos sob um programa lançado em outubro de 2022 por Joe Biden e ampliado em janeiro do ano seguinte.
Os imigrantes que conseguiram vistos através do programa "devem deixar os Estados Unidos" até 24 de abril, a menos que tenham obtido outro status de imigração que lhes permita permanecer no país, de acordo com o Departamento de Segurança Interna na sexta-feira.
Eles perderão sua proteção legal 30 dias após a publicação desta nova ordem no diário oficial do governo federal dos Estados Unidos, prevista para terça-feira, 25 de março.
A decisão gerou imediatamente indignação e preocupação entre os defensores dos imigrantes. A organização Welcome.US, que apoia pessoas que buscam refúgio nos Estados Unidos, pediu aos afetados por esta medida que consultem um advogado de imigração "imediatamente".
(RFI e AFP)