Mesmo nos EUA, Eduardo Bolsonaro continua com processo disciplinar na PF

O processo disciplinar da Corregedoria da Polícia Federal contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) continua em andamento mesmo após sua ida para os Estados Unidos.
O que aconteceu
Eduardo responde a um Processo Administrativo Disciplinar por ofensas a um delegado da corporação. O próprio parlamentar divulgou em suas redes que havia sido intimado a prestar depoimento no mês passado, no mesmo dia em que embarcava para os EUA. O procedimento é sigiloso, mas o UOL confirmou que o PAD ainda está em aberto na corporação.
Servidor de carreira da PF, ele pode ser punido e até perder o cargo. Eduardo Bolsonaro é escrivão da PF e responde ao procedimento por ter feito ataques ao delegado da PF Fabio Shor em discursos no plenário da Câmara. Shor foi o responsável por conduzir as principais investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
Eduardo fez "críticas infundadas", segundo diz o procedimento. O próprio parlamentar informou que o PAD aponta que ele teria proferido "críticas infundadas à atividade policial de investigação regularmente exercida por um delegado de Polícia Federal junto ao Supremo Tribunal Federal".
Ataques ao delegado pelos presos do 8/1. Em seu Instagram, Eduardo escreveu: "Prefiro perder minha aposentadoria da Polícia Federal, meu porte de arma e carteira funcional do que ser obrigado a chamar de 'democracia' um país em que um deputado federal não pode criticar um delegado federal que está prendendo velhinhas e mães de família como se fossem terroristas", disse referindo-se às prisões de manifestantes do 8 de Janeiro.
O procedimento seguirá em andamento mesmo com ele no exterior. Se não responder à intimação nem apresentar um advogado para representá-lo, a comissão responsável pelo PAD irá nomear um defensor para ele.
A rigor, Eduardo não precisa depor. Mas, segundo apurou o UOL, porém, o andamento do procedimento fica mais difícil porque Eduardo precisa ser comunicado de todas as etapas do processo, que corre sob sigilo, o que se complica com sua ausência do país.
Licença na Câmara libera Eduardo de ter de se reapresentar na PF. Enquanto ele estiver licenciado da Câmara, não precisa se reapresentar para o trabalho como escrivão até o prazo de 120 dias. Se, após esse período, ele não se reapresentar, pode ser aberto um novo PAD por abandono de cargo. A tramitação acontece de forma mais rápida e pode levar à demissão.
A advogada de Eduardo diz que vai avaliar a estratégia a ser seguida com o deputado. Karina Kufa, que atua para o parlamentar em processos no STF, afirmou ao UOL que ainda vai conversar com seu cliente sobre o PAD. Quando divulgou o PAD em suas redes sociais, o deputado repetiu os xingamentos ao delegado.
É um esculacho com toda a categoria de deputados federais. Vou recorrer à Procuradoria da Câmara para fazer minha defesa, porque é inadmissível que o delegado Fábio Shor se sinta no direito de fazer isso daqui.
Eduardo Bolsonaro, em vídeo em suas redes no dia 10 de fevereiro