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"Primavera Brasileira" na Sorbonne Nouvelle visa "reformular imagem" do Brasil na França, diz organizador

21/03/2025 11h59

A primavera chega à França e com ela um convite para uma imersão cultural, social e artística no Brasil contemporâneo. O evento a Primavera Brasileira da Universidade Sorbonne Nouvelle de Paris acontece até junho de 2025 e integra a temporada cruzada França-Brasil, celebrada este ano. A codireção e a organização é do professor de Literatura Brasileira da Sorbonne Nouvelle, Leonardo Tonus, para quem o evento visa "reformular a imagem do Brasil", que ficou um pouco desgastada nos últimos anos.

A "Primavera Brasileira" é um evento "completamente novo", sem ligação com a "Primavera Literária Brasileira", que Leonardo Tonus organizou em outra instituição universitária francesa de 2014 até a pandemia. "A Primavera Literária Brasileira era um evento itinerante, este não. Ele é sobretudo focado dentro da universidade, feito para os estudantes", compara.

O público em geral também poderá assistir à vasta programação que "não abarca somente a literatura, mas outros eventos culturais", como espetáculos de dança e música, aula de gastronomia, exibições de filmes, conferências e encontros com artistas e escritores brasileiros. Basta reservar um lugar no site do evento.

A Primavera Brasileira começou no início de março, com encontros com os escritores Godofredo de Oliveira Neto, da Academia Brasileira de Letras, e Rita Carelli. Até junho, "grandes nomes da cultura brasileira" vão passar pela Sorbonne Nouvelle.

Marcelo Rubens Paiva

Um dos destaques da programação será a presença de Marcelo Rubens Paiva, cujo livro foi o guia do roteiro do oscarizado "Ainda Estou Aqui". Os ingressos para o encontro com o escritor, em 28 de março, já estão esgotados

A participação de Marcelo Rubens Paiva foi um pedido dos alunos de Leonardo Tonus. "Este ano estou trabalhando com os estudantes sobre a relação entre artes e ditadura e (esse) pedido surgiu em sala de aula", conta o professor da cátedra de Literatura Brasileira da Sorbonne Nouvelle.

Outra colaboração importante dos estudantes foi o cartaz do "Printemps Brésilien", idealizado pela estudante Melissa Giola, vencedora de um concurso realizado em toda a região metropolitana de Paris que contou com a participação de mais de 50 propostas. "Eu acho importante sempre pensar um projeto não como um festival clássico, como nós já temos vários aqui na França ou no Brasil, mas sobretudo como um projeto pedagógico", ressalta Tonus.

Temporada cruzada

A "Primavera Brasileira" integra a programação da temporada cruzada França-Brasil, celebrada este ano dos dois lados do Atlântico. O organizador lembra que inicialmente "a ideia surgiu dentro da universidade", e que só depois entrou em contato com os organizadores da temporada cruzada, de quem recebeu "todo o apoio institucional". Mas "o apoio financeiro foi obtido de outras maneiras", afirma.

Radicado na França há quase 40 anos, Leonardo Tonus ensina literatura brasileira nas universidades do país há 25 anos. Desde então, já participou de vários eventos que celebraram a cultura brasileira, como o primeiro ano do Brasil na França em 2005 ou as homenagens ao Brasil no Salão do Livro de Paris em 1998 e 2015.

Ele acredita que, de lá para cá, o olhar francês sobre o Brasil mudou. "Houve uma mudança, eu diria, radical no sentido de que deixamos de ser um pouco um país exótico, para ser um país, vamos dizer, mais para a contemporaneidade", analisa.

Para Tonus, que foi um dos curadores do Salão do Livro de Paris em 2015, esses eventos de divulgação da cultura brasileira na França e da francesa no Brasil continuam pertinentes.

Fazendo um paralelo com um grande evento realizado na França no final dos anos 1980, logo após o fim da Ditadura Militar, ele diz que a atual temporada cruzada, decidida pelos presidentes Emmanuel Macron e Luis Inácio Lula da Silva, visa "reformular essa imagem do Brasil". Segundo o professor, "como no período ditatorial, nos últimos anos, nós sofremos um pouco o desgaste da nossa imagem de marca", fazendo referência ao governo Bolsonaro.

O organizador da "Primavera Brasileira" antecipa que o diálogo entre os escritores e artistas presentes irá "falar de um Brasil que questiona questões de guerra, questões ligadas ao ecossistema, questões ligadas a representações de sujeitos minorizados dentro da nossa sociedade. Por isso, defende que os eventos vão ajudar a "ganhar espaço e a reformular uma narrativa sobre o que é esse Brasil contemporâneo, o Brasil da diversidade, das diversas vozes. Um Brasil também bastante inquieto com o que acontece no mundo".

Clique na foto principal para assistir à entrevista completa.

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