"Preservar as geleiras é uma questão de sobrevivência", diz relatório da ONU
Todas as regiões glaciares do mundo registraram perda de massa líquida em 2024 pelo terceiro ano consecutivo, de acordo com um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU, divulgado nesta sexta-feira (21).
"Preservar as geleiras não é apenas uma necessidade ambiental, econômica e social. É uma questão de sobrevivência", alerta Celeste Saulo, secretária-geral da organização, que comemora nesta sexta o primeiro Dia Mundial das Geleiras.
Mais de 275.000 geleiras em todo o mundo cobrem uma superfície de aproximadamente 700.000 km², sem incluir as calotas de gelo continentais da Groenlândia e da Antártida, destacou a OMM em um comunicado.
Mas essas grandes massas de gelo estão diminuindo rapidamente devido à mudança climática. Nos últimos seis anos, houve um recuo recorde e as 19 regiões glaciares registraram perda líquida de massa em 2024, segundo o relatório da organização.
As regiões perderam, no total, 450 bilhões de toneladas, segundo a agência, que cita novos dados do Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras (WGMS), com sede na Suíça.
A perda de massa foi relativamente moderada em regiões como o Ártico canadense e as geleiras periféricas da Groenlândia, mas regiões como a Escandinávia e o norte da Ásia registraram seu pior registro anual.
Abastecimento
O WGMS, que se baseou em dados globais, estima que as geleiras perderam mais de 9 trilhões de toneladas desde que os registros começaram em 1975.
Isso equivale a "um bloco de gelo do tamanho da Alemanha com 25 metros de espessura", explicou Michael Zemp, diretor do WGMS, durante uma entrevista coletiva.
No ritmo atual, muitas geleiras situadas no oeste do Canadá e dos Estados Unidos, na Escandinávia, na Europa Central, no Cáucaso, na Nova Zelândia e nos trópicos não sobreviverão ao século 21, segundo a OMM.
Essa perda ameaça o abastecimento de água de centenas de milhões de pessoas. "Entre 2022 e 2024, assistimos à maior perda de glaciares já registrada em três anos", declarou Celeste Saulo. Para a ONU, a única solução possível é combater o aquecimento global reduzindo as emissões de gases do efeito estufa.
"Podemos negociar muitas coisas na ONU, mas não podemos negociar as leis físicas do degelo", assinalou Stefan Uhlenbrook, diretor da divisão de Hidrologia, Água e Criosfera da OMM. Ele enfatizou que "ignorar o problema não vai ajudar a encontrar uma solução".
(Com informações da AFP)