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Países do sul e do norte da UE demonstram divisões quanto a "rearmamento" da Europa contra a Rússia

21/03/2025 11h01

Em meio à série de reuniões dos países da União Europeia sobre a necessidade de promover o "rearmamento" do bloco contra a ameaça russa, divisões entre os países do norte e do sul da Europa voltam à tona. Países como Espanha e Itália têm se posicionado menos convencidos do esforço financeiro bilionário que os parceiros do norte visam promover para melhor equipar a defesa europeia.

Nesta quinta-feira (20), pela terceira vez em seis semanas, os líderes europeus reuniram-se em Bruxelas para afinar as estratégias para enfrentar e financiar o risco de uma guerra contra a Rússia. A conta atingirá as centenas de bilhões de euros em investimentos militares - sobre os quais "rusgas começam a emergir, por trás do consenso de fachada sobre o imperativo da mobilização europeia", assinala o jornal francês Le Figaro.

Os sinais das discórdias foram dados logo na chegada da primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, à cúpula em Bruxelas: ela pediu que "os países um pouco mais longe" da Rússia acompanhem a direção solicitada pelo que chamou de "Estados do front", que "possuem experiências históricas" com Moscou. Os governos da Estônia, Lituânia e Polônia seguiram no mesmo tom, "menos presente nos países mais distantes", assinala Le Figaro.

'Desafios diferentes', argumenta Sánchez

O chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, disse que "é preciso entender que os desafios que nós temos no sul são um pouco diferentes dos que estão no flanco oriental". O premiê pediu que o financiamento discutido pela União Europeia também seja estendido ao combate às mudanças climáticas e à inteligência artificial no bloco.

Apesar das sinalizações cada vez mais erráticas do presidente americano sobre o futuro da Otan, o governo italiano classificou como "louca" a ideia de que a Europa poderá se rearmar fora do contexto da Aliança Atlântica. Enquanto isso, a Holanda se mantém fiel à tradição "sovina", ressalta o jornal francês, e promete rejeitar qualquer novo plano de financiamento e empréstimos comuns europeus para a defesa.

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A Comissão Europeia, o braço executivo da UE, lançou na quarta-feira um grande plano para o rearmamento do bloco com o qual pretende mobilizar até € 800 bilhões (R$ 4,93 trilhões). Esse pacote inclui uma iniciativa sobre linhas de crédito de €150 bilhões, mas não chega ao ponto de defender a criação de uma dívida comum, ideia que gera ávidas discussões.

O plano inclui a possibilidade de flexibilizar, durante quatro anos, as normas da UE para que os países possam gastar acima do permitido. A Comissão avaliou que, com esse mecanismo, poderá conseguir € 650 bilhões (R$ 4 trilhões).

Hungria representa bloqueio político a acordos

No encontro, 26 países da UE apoiaram um novo pacote de ajuda de € 5 bilhões (R$30 bilhões) para a Ucrânia, com exceção da Hungria. A iniciativa foi apresentada pela chefe da diplomacia do bloco, a estoniana Kaja Kallas.

Na rede X, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, até mesmo ameaçou vetar a adesão da Ucrânia à UE antes de consultar a sociedade húngara. Em relação ao discurso de Zelensky, Orbán foi categórico: "Não diria que ele participou do debate de uma forma amigável". 

Essa é a segunda cúpula consecutiva da UE em que a Hungria bloqueia a unanimidade de um texto comum sobre a Ucrânia. Diante da oposição de Budapeste, os 26 países restantes emitiram nesta quinta um documento separado das Conclusões para explicitar o apoio à Ucrânia, assim como ocorreu na cúpula anterior, em 6 de março.

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