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Enchentes e deslizamentos: por que derretimento de geleiras preocupa

Geleira South Cascade na Cordilheira Cascade, nos Estados Unidos - Divulagção/U.S. Geological Survey
Geleira South Cascade na Cordilheira Cascade, nos Estados Unidos Imagem: Divulagção/U.S. Geological Survey
do UOL

Patrícia Junqueira

de Ecoa

21/03/2025 00h00

A partir de hoje, dia 21 de março fica marcado como Dia Mundial das Geleiras, estabelecido pela ONU. O objetivo é alertar para o acelerado derretimento das geleiras e seus impactos em economias, ecossistemas e comunidades, não apenas em áreas montanhosas, mas globalmente.

O relatório da OMM (Organização Meteorológica Mundial) sobre o Estado do Clima Global em 2024 confirmou que, de 2022 a 2024, vimos a maior perda de geleiras em um período de três anos já registrada. Sete dos dez anos com o balanço de massa mais negativo ocorreram desde 2016. A preservação das geleiras não é apenas uma necessidade ambiental, econômica e social. É uma questão de sobrevivência. Celeste Saulo, secretária-geral da OMM,

O que aconteceu?

Glaciares recuam em ritmo recorde. Cinco dos últimos seis anos registraram os maiores recuos de geleiras da história, com a maior perda trienal de massa glaciar já registrada entre 2022 e 2024. Em muitas regiões, o que costumava ser chamado de "gelo eterno" das geleiras não sobreviverá ao século 21, de acordo com relatórios da OMM e do WGMS (Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras).

Perda de uma Alemanha em gelo. Com base em uma compilação de observações globais, o WGMS estima que as geleiras (excluindo as camadas de gelo continentais da Groenlândia e da Antártica) perderam um total de mais de 9 trilhões de toneladas desde o início dos registros em 1975. "Isso equivale a um enorme cubo de gelo do tamanho da Alemanha, com 25 metros de espessura", afirma o Prof. Dr. Michael Zemp, diretor do WGMS.

Todas as geleiras perderam massa. O ano hidrológico de 2024 marcou o terceiro consecutivo em que todas as 19 regiões glaciares registraram perda líquida de massa. A perda de gelo foi de 450 bilhões de toneladas - o quarto pior ano já registrado. Enquanto a perda foi relativamente moderada no Ártico canadense e na periferia da Groenlândia, as geleiras da Escandinávia, de Svalbard e do norte da Ásia sofreram sua maior perda anual já documentada.

Ameaça às reservas de água global. O derretimento das geleiras compromete o abastecimento de centenas de milhões de pessoas, já que as regiões de alta montanha funcionam como "caixas d'água" naturais, liberando água durante o verão. Mais de 275 mil geleiras em todo o mundo cobrem aproximadamente 700 mil quilômetros quadrados. Juntamente com as camadas de gelo, as geleiras armazenam cerca de 70% dos recursos globais de água doce. Com a redução dessas reservas, a escassez hídrica se agrava, aumentando o risco de desastres naturais, como inundações e deslizamentos.

Contribuição para o aumento do nível do mar. O derretimento das geleiras é a segunda maior causa da elevação dos oceanos. Desde 2000, essas massas de gelo perderam 6,5 trilhões de toneladas, contribuindo com 18 mm para a elevação do nível do mar. Esse aumento, aparentemente pequeno, tem impactos significativos, expondo entre 200 mil e 300 mil pessoas a inundações anuais e agravando a vulnerabilidade das populações costeiras.

ONU institui o Dia Mundial dos Glaciares. A primeira edição do Dia Mundial dos Glaciares será celebrada em 21 de março de 2025, como parte do Ano Internacional de Preservação das Geleiras, instituído pela ONU. A iniciativa é liderada pela UNESCO e pela Organização Meteorológica Mundial, com o apoio de 35 países, visando aumentar a conscientização sobre a importância das geleiras para o equilíbrio climático e o abastecimento global de água.

Glaciar do Ano: South Cascade Glacier. O South Cascade Glacier, nos EUA, foi escolhido como o primeiro "Glaciar do Ano" em reconhecimento à sua importância científica e simbólica. Monitorado desde 1952, possui um dos registros mais longos de balanço glaciológico do Hemisfério Ocidental, fornecendo dados valiosos sobre as mudanças climáticas. A homenagem destaca tanto a beleza das geleiras quanto o trabalho essencial dos cientistas na documentação do impacto do aquecimento global.

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