Neta encara risco de falência na China enquanto reforça planos no Brasil
No ano passado, a Neta foi mais uma fabricante chinesa a anunciar que ofereceria seus carros no Brasil, com direito à ambição de ter uma fábrica nacional. Alguns modelos foram lançados em Interlagos e, desde então, as vendas começaram sem grande alarde. Enquanto isso, a marca enfrenta problemas graves na China, com risco de falência e protestos incomuns.
A afirmação vem do site chinês Leifeng, que, no fim do ano passado, já reportara que a fabricante havia interrompido suas linhas de produção e diminuído o salário de alguns funcionários.
Agora, segundo a imprensa local, todo o departamento de Pesquisa & Desenvolvimento da Neta foi demitido, inclusive com aviso prévio remunerado. A medida drástica indicaria que a ideia é vender o que ainda há em estoque, ao passo que planos de modelos futuros estariam sendo cancelados.
Em fevereiro de 2025, a Neta teve vendas 98% menores do que no mesmo mês de 2024. O declínio abissal teria a ver, segundo o CarNewsChina, com insatisfação dos clientes em relação à qualidade dos automóveis.
A dona da Neta, a Hozon Auto, vem sofrendo prejuízos constantes desde 2021. A falta de dinheiro estaria causando atrasados no pagamento de fornecedores e gerando duas situações constrangedoras à empresa.
Uma delas é a venda de modelos topo de linha com menos equipamentos do que o prometido, levando a uma enxurrada de comentários críticos nas redes sociais da marca e do antigo CEO nas redes sociais do país. Além disso, donos de fornecedoras menores chegaram ao ponto de montar um acampamento no escritório da montadora para cobrar a dívida.
O novo CEO, Fang Yunzhou, retornou ao posto depois de, inclusive, ter fundado a Neta. A mudança trouxe mais confiança ao investidores, também inspirados pela afirmação de que os problemas na China serão compensados pelo foco no exterior (a Neta tem fábricas na Tailândia, Malásia e Filipinas, e o Brasil seria uma escolha natural no Ocidente).
Atualmente, a Neta comercializa dois carros elétricos no Brasil: o hatch Neta Aya (R$ 138.900) é o mais barato, sendo acompanhado do SUV médio Neta X (R$ 214.900); o sedã esportivo Neta GT ainda não teve preço anunciado, mas já é exibido no site nacional da empresa.
Neta reforça planos para o Brasil
Em um comunicado, a Neta do Brasil disse estar realizando "uma série de reformas e ajustes organizacionais para aumentar a eficiência operacional, focar no negócio principal e fortalecer ainda mais a competitividade da empresa".
A marca confirmou que "prestará mais atenção em seus mercados estrangeiros" e que sua participação no Brasil está apenas começando. "Há lojas em várias cidades prestes a abrir. O mercado brasileiro também continuará a se desenvolver por um longo prazo, e essa direção não mudará".
Com os planos 'inalterados' aqui, a Neta segue com intenção de ter uma fábrica nacional, onde, ao menos inicialmente, haverá processos de soldagem, pintura e montagem do Aya e do X, inclusive para exportação ao restante do Mercosul.
"Compartilhando a capacidade (ociosa) com as montadoras locais já instaladas no Brasil", diz a empresa, acredita-se em um sucesso parecido ao da Tailândia, onde se julga "profundamente amada" pelos consumidores locais após um crescimento consistente ao longo de alguns anos.
"A empresa está concluindo os estudos de viabilidade e negociação para definir a localização dessa unidade. Obviamente, a localização de vários componentes relacionados será realizada paralelamente".