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Diante de manifestações contra prisão de prefeito opositor, Erdogan diz que Turquia não "cederá às ruas"

21/03/2025 14h11

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse na sexta-feira (21) que a Turquia não cederá ao "terror das ruas", no terceiro dia consecutivo de protestos após a prisão do prefeito de Istambul e opositor do governo, Ekrem Imamoglu, sob acusações de "terrorismo" e "corrupção".

"A Turquia não será entregue ao terror das ruas", declarou o chefe de Estado, afirmando que os protestos convocados pela oposição levariam a um "beco sem saída".

Özgür Özel, líder do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), a principal força de oposição à qual Imamoglu pertence, pediu aos turcos que fossem às ruas às 20h30 (14h30 em Brasília), após a refeição de quebra do jejum do Ramadã, apesar dos avisos das autoridades.

"De agora em diante, ninguém deve esperar que o CHP faça política em salas ou prédios. De agora em diante, estamos nas ruas e praças", alertou Özel na noite de quinta-feira (20) em frente à prefeitura de Istambul, onde milhares de manifestantes se reuniram pela segunda noite consecutiva em apoio ao prefeito da cidade.

Duas pontes e várias estradas principais que levam à prefeitura de Istambul foram fechadas ao tráfego por 24 horas na sexta-feira. Protestos foram realizados em pelo menos 32 das 81 províncias da Turquia, no total, desde quarta-feira (19).

O ministro da Justiça, Yilmaz Tunç, chamou os repetidos apelos da oposição por protestos de "ilegais e inaceitáveis".

Em Istambul, onde reuniões foram proibidas até domingo (23), a situação ficou tensa na noite de quinta-feira e a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha para bloquear os manifestantes que queriam marchar em direção à Praça Taksim, saindo da prefeitura.

A polícia também usou canhões de água e balas de borracha em Ancara, onde as manifestações foram proibidas até terça-feira à noite. As autoridades também proibiram a população de se reunir em Izmir, a terceira maior cidade da Turquia, que fica no oeste do país e é pró-oposição.

Cinquenta e três pessoas foram presas e 16 policiais ficaram feridos durante confrontos com manifestantes, de acordo com as autoridades.

A onda de protestos não tem precedentes desde as grandes manifestações de 2013, que começaram pacificamente contra a demolição do Parque Taksim Gezi e, posteriormente, se voltaram contra o governo devido à repressão policial.

Ekrem Imamoglu, cuja audiência pelos investigadores começou na tarde de sexta-feira, de acordo com a emissora estatal TRT, deveria ser anunciado como candidato do CHP para a próxima eleição presidencial no domingo.

Mas o diploma universitário do prefeito, que foi reeleito no ano passado após vencer o partido governista AKP (conservador islâmico) em 2019, foi revogado na noite de terça-feira, poucas horas antes de sua prisão. A Constituição turca exige que qualquer candidato presidencial tenha um diploma de ensino superior.

"Prefeito não é corrupto"

As acusações contra o prefeito de Istambul, particularmente a de "apoiar o terrorismo", levaram seus apoiadores a temer que ele pudesse ser preso após o fim de sua custódia policial no domingo e substituído por um administrador nomeado pelo Estado.

"O prefeito não é corrupto, nem ladrão, nem terrorista", disse o líder do CHP à multidão reunida em frente à prefeitura de Istambul na noite de quinta-feira, prometendo "não desistir da luta até que Imamoglu e os outros prefeitos presos sejam libertados".

No total, 90 pessoas, a maioria das quais foi presa ao mesmo tempo que o prefeito, ainda estavam sob custódia na sexta-feira, de acordo com a imprensa turca.

O protesto acontece um ano depois que o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) do presidente Erdogan sofreu uma derrota nas eleições municipais.

Os eventos pesaram na Bolsa de Valores de Istambul na sexta-feira: pouco antes das 17h (14h GMT), seu principal índice caiu quase 8%. Diante dessa queda, as negociações foram suspensas duas vezes pela manhã.

(Com AFP)

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