Com imensas reservas de água, o Brasil está cada vez mais seco
O Brasil, que contém 12% da água doce do planeta, especialmente na Amazônia, enfrenta uma redução contínua em sua superfície de água devido à exploração da terra e eventos climáticos, segundo um relatório publicado nesta sexta-feira(21).
Somente entre 2023 e 2024, o país perdeu 2% de seu território coberto por água, segundo a plataforma de monitoramento MapBiomas.
Essa é uma tendência constante: desde 1985, a área dos rios e lagos do Brasil reduziu 15%.
"A dinâmica de ocupação e uso da terra no Brasil, junto com eventos climáticos extremos, causada pelo aquecimento global, está deixando o Brasil mais seco", alerta Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água.
Quase dois terços da superfície de água do país estão localizados na Amazônia, que desempenha um papel crucial na regulação do clima local e mundial devido à sua capacidade de absorver dióxido de carbono.
Atingida por uma seca extrema, a região perdeu 3,6% dos seus recursos hídricos no ano passado, em comparação com a média histórica.
Este fenômeno é consequência de secas, superexploração de aquíferos, desenvolvimento urbano ou modificação de canais naturais.
Impacta negativamente a biodiversidade, a produção agrícola e as comunidades que dependem dos recursos hídricos para sua subsistência.
O Pantanal foi o bioma mais afetado, com 61% menos superfície de água em relação à média desde 1985.
Os incêndios que devastaram a maior área úmida do planeta, localizada ao sul da Amazônia, aceleraram essa redução.
Embora a área de superfície de água "antropogênica" (reservatórios, represas) no Brasil tenha crescido 54% desde 1985, isso não compensa a tendência geral de perda natural de água, observa o relatório do MapBiomas.
"Esses dados servem como um alerta sobre a necessidade de estratégias adaptativas de gestão hídrica e políticas públicas que revertam essa tendência", disse Schirmbeck.
O Brasil está se preparando para sediar a conferência climática COP30 em Belém em novembro.
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