Carro elétrico serve para viajar? Rodamos 3 mil km pelo Sul e Sudeste
Um dos maiores temores de quem tem ou pretende comprar um carro elétrico é a disponibilidade de pontos de recarga - especialmente para uso rodoviário, em viagens com longas distâncias.
Há cinco anos, a reportagem do UOL Carros dirigiu um automóvel elétrico da capital paulista até Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e levou três dias para percorrer os cerca de 1,2 mil quilômetros entre as cidades.
Na época, tamanha demora se deu devido à escassez de pontos de recarga rápida nas rodovias que interligam as duas capitais. Nos dias de hoje, a infraestrutura de recarga de veículos elétricos e híbridos plug-in no mesmo trecho melhorou?
Para responder a essa pergunta, entre fevereiro e março de 2025 repetimos a jornada elétrica entre São Paulo e Porto Alegre, ida e volta, somando cerca de 2,4 mil km a percorrer. Ainda percorremos, durante cerca de 30 dias, outros mil km com o carro, chegando a um total de 3,4 mil km - dos quais a maior parte foi em trechos rodoviários.
A experiência foi ao volante de um Volvo EX30, SUV compacto 100% elétrico. Escolhemos a versão topo de linha Ultra, que traz bateria com 69 kWh de capacidade e autonomia média estimada em cerca de 330 km com uma carga completa, segundo medição do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).
Um diferencial dos automóveis da Volvo é a recarga gratuita nos eletropostos da marca sueca, dos quais há cerca de 60 instalados em rodovias brasileiras, todos "rápidos", com potência entre 30 kW e 150 kW. Desde o ano passado, a recarga em eletropostos da Volvo custa R$ 4 por kWh para veículos de outras montadoras.
De acordo com o aplicativo da marca, há cinco eletropostos rápidos da empresa entre as duas capitais e, durante a viagem, colocamos à prova sua disponibilidade e funcionamento.
Atualmente, há vários eletropostos rápidos de outras empresas entre as duas capitais, tornando a viagem mais rápida e menos tensa com o risco de "pane seca" em um carro elétrico.
Utilizando apenas recarregadores da Volvo de São Paulo a Porto Alegre e vice-versa, agora levamos cerca de 23 horas para viajar de uma capital a outra, sem contar as paradas para descanso. Tudo isso com a possibilidade de não gastar nenhum real durante a jornada.
Além do trajeto de ida e volta entre as duas capitais, durante a estadia no Rio Grande do Sul fizemos outra viagem, de Porto Alegre à Serra Gaúcha, na qual colocamos o EX30 à prova inclusive em estradas de terra - e não é que o compacto com 272 cv de potência e tração traseira deu conta do recado sem maiores problemas?
Como utilizamos na maioria dos casos eletropostos rápidos da Volvo, daqueles mais potentes e com arquitetura de corrente contínua, cada parada para recarga demorou entre uma e duas horas, aproximadamente, sem custo.
Também ajudou bastante o fato de o EX30 ser compatível com carregadores com até 150 kW de potência, em corrente contínua, e com até 22 kW, nos eletropostos de corrente alternada, disponíveis nos centros urbanos pelos quais passamos.
Salvo uma exceção, já no retorno a São Paulo, todos os pontos de recarga estavam funcionando perfeitamente. Foi o caso do eletroposto localizado em São José (SC), próximo a Florianópolis (SC), onde os três pontos de recarga estavam parados para manutenção.
Tal imprevisto não foi um problema, já que havia carga suficiente para chegar até o eletroposto Volvo seguinte, em Balneário Camboriú (SC). A localização dos pontos de recarga da marca sueca provou ter sido bem planejada, pois possibilitou chegar com energia suficiente em cada parada.
Outro ponto positivo é a integração com os aplicativos Google na central multimídia do EX30, que ajudou bastante no planejamento da jornada. Já sabendo da localização de cada eletroposto, foi possível traçar uma rota no Google Maps, o qual informa uma estimativa de percentual de bateria ao chegar a cada eletroposto. Tal estimativa provou ser bastante precisa.
Claramente, o Google Maps é capaz de calcular o percentual de carga com base não apenas na distância a ser percorrida em cada trecho, mas considerando também a topografia das rodovias - incluindo descidas de serra, nas quais foi possível acrescentar carga extra por meio do movimento do próprio veículo. Especificamente na viagem entre as capitais paulista e gaúcha, os declives viabilizaram uma autonomia aproximada de 400 km em cada recarga completa.
Vale destacar que, para extrair o máximo das baterias, foi necessário ter moderação na hora de acelerar, mantendo velocidade constante e sem passar muito dos 100 km/h. Outra tática foi maneirar no uso do ar-condicionado, sem reduzir tanto a temperatura e sem exagerar na intensidade da ventilação.
Em resumo: atualmente, a infraestrutura de recarga em rodovias melhorou bastante ao longo dos últimos cinco anos, com maior oferta de eletropostos de recarga rápida, não apenas da Volvo, como também de outras empresas ao longo da viagem.
Portanto, hoje é possível, com alguma paciência e planejamento, pegar a estrada em um veículo totalmente elétrico, sem tanto temor de ficar sem energia durante o trajeto.