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Anielle exonera diretor de combate a racismo para nomear líder do PT no Rio

A ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) discursa na ONU, em Genebra - Lucas Castor
A ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) discursa na ONU, em Genebra Imagem: Lucas Castor
do UOL

Do UOL, em São Paulo

21/03/2025 19h27

O MIR (Ministério da Igualdade Racial), comandado pela ministra Anielle Franco, exonerou Luiz Paulo Bastos, diretor de Políticas de Combate e Superação do Racismo.

O que aconteceu

Diretoria será assumida pelo presidente do PT no Rio, Tiago Santana, cuja nomeação deve ser oficializada nos próximos dias. A decisão ocorre em meio a uma série de mudanças na estrutura do ministério. Após a exoneração do diretor de Combate e Superação do Racismo, a secretária de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo, Márcia Lima, pediu para deixar o cargo.

Exoneração de Bastos surpreendeu integrantes do ministério. A ministra não comunicou diretamente o diretor para solicitar a entrega do cargo. A motivação para a troca não foi explicitada por Anielle, nem mesmo para colaboradores próximos. O UOL apurou que no entorno da ministra a decisão foi interpretada como uma movimentação de cunho político.

Esta é a segunda troca na diretoria responsável pelo Plano Juventude Negra Viva. O plano é o principal projeto do ministério, com orçamento previsto superior a R$ 700 milhões. Em outubro do ano passado, Yuri Silva, um dos autores do plano, também foi exonerado após escândalo envolvendo o ex-ministro Silvio Almeida.

Dos 8 representantes do ministério que atuaram na idealização do plano, menos da metade continua. O projeto, que tem também a ministra como autora, agora conta com somente três deles no ministério.

O MIR foi questionado sobre a viabilidade do projeto. Ao UOL, a pasta respondeu que "mudanças na composição de equipe, seja por solicitação do próprio servidor ou decisão da gestão, fazem parte de qualquer gestão e buscam, sempre, qualificar as ações para avançar com cada vez mais consistência na missão central de cada órgão".

Plano reúne 18 ministérios

Para reduzir a mortalidade de jovens negros, Anielle tem orçamento de R$ 700 milhões. O Plano Juventude Negra Viva é uma política interfederativa que envolve 18 ministérios e mais de 217 ações transversais em áreas como segurança pública, cultura, saúde, educação e empregabilidade.

Pauta é urgente para governo Lula, diante de dados de violência contra jovens negros. O Atlas da Violência mostra que a chance de morte violenta entre pretos e pardos é quase três vezes maior que a do restante da população brasileira.

Segundo o Plano Juventude Negra Viva:

  • Em 2022, adolescentes negros representavam 87,8% das vítimas de homicídio;
  • Em 2019, o risco de uma criança ou adolescente negra ser assassinada era 3,3 vezes maior em comparação com não negros;
  • 60% das mortes maternas ocorrem entre mulheres negras;
  • Seis em cada dez suicídios de adolescentes e jovens no Brasil envolvem pessoas negras.

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