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Aeroporto de Heathrow volta a operar parcialmente, após ficar fechado durante todo o dia devido a um incêndio

21/03/2025 15h26

A sexta-feira (21) foi complicada para passageiros que foram obrigados a buscar rotas alternativas para seus voos, após o cancelamento de centenas de chegadas e partidas do aeroporto de Heathrow, em Londres. O maior e mais movimentado aeroporto da Europa teve de ser fechado durante todo o dia devido a uma queda de energia, após um incêndio à noite em uma subestação elétrica. 

No fim da tarde, o aeroporto britânico de Heathrow informou que alguns voos seriam retomados mais tarde, ainda nesta sexta-feira, depois que um incêndio cortou o fornecimento de energia, impedindo o seu funcionamento e alterando a circulação em outros aeroportos do mundo. 

No aeroporto de Gatwick, ao sul de Londres, Talia Fokaides, de 42 anos, conseguiu um voo com destino a Atenas pela manhã. Ela precisava viajar para ficar com a mãe, que seria submetida a uma cirurgia cardíaca. Quando soube que Heathrow estava fechado, ela correu para Gatwick, o segundo aeroporto mais movimentado do Reino Unido. "Não me importo com o dinheiro, só preciso pegar um voo e chegar até o final do dia", disse à AFP. "Não nos deram nenhuma informação, nos deixaram sozinhos. Não entendo como isso é possível", completou. 

Mohammed al-Laib, cidadão tunisiano que trabalha em Londres, havia planejado viajar para Dubai, onde encontraria a esposa, que não via há meses. "Não sei se terei outro voo. Agora não tenho alternativa que não seja esperar. Me sinto impotente", disse, pessimista, enquanto caminhava em direção ao balcão de informações. 

Cerca de 1.350 voos estavam programados para pousar ou decolar de Heathrow e seus cincos terminais, nesta sexta-feira, de acordo com o site de rastreamento de voos Flightradar24. 

Heathrow atende 80 países e geralmente recebe cerca de 230 mil passageiros por dia. Gatwick aceitou a aterrissagem de alguns voos.   

Quatro passageiros franceses estavam cansados e confusos, depois que seu longo voo da Cidade do Cabo, na África do Sul, para Heathrow aterrissou em Gatwick. O destino final era Nice, mas não há aviões para a cidade do sul da França partindo de Gatwick. O grupo correu para pegar um ônibus e disse que não recebeu muitas informações sobre o que fazer.  

Alguns voos foram redirecionados a outros grandes aeroportos europeus. Frankfurt recebeu seis na manhã de sexta-feira, enquanto cinco aviões foram desviados para Paris Charles de Gaulle, dois de Cingapura, um de Perth (Austrália), um de Dubai e um de Kigali (Ruanda). Outras aeronaves ainda foram desviadas para Shannon, no sudoeste da Irlanda. 

Nos Estados Unidos, sete aviões da United Airlines também tiveram que dar meia-volta ou se dirigir para outros destinos, segundo a empresa americana.  

Callum Burton, de 21 anos e natural de Kent, no sul da Inglaterra, ficou preso no aeroporto de Newark, perto de Nova York, depois de visitar sua namorada em seu aniversário de 21 anos. Ele informou à AFP que seu voo havia sido remarcado com 15 horas de atraso, acrescentando que estava "muito cansado e decepcionado". "Já estávamos no avião quando ficamos sabendo do incêndio", disse ele. "Ficamos no avião por uma hora" antes do voo ser cancelado, comentou. 

Heathrow é o principal aeroporto do Reino Unido para voos internacionais de longa distância. 

O paquistanês Muhammad Khalil, de 28 anos, esperava na estação de Paddington, em Londres, desde as primeiras horas da manhã, em busca de voos alternativos para o Paquistão. "Estou tentando encontrar outro voo do aeroporto de Gatwick ou Stansted, mas não consigo", disse. Khalil esperava se encontrar com a esposa e havia planejado a viagem há três meses. "Gastei uma fortuna em passagens e tudo mais. Tive que pedir um dia de folga no trabalho", lamentou à AFP. "Você não pode imaginar como isso é estressante pra mim", acrescentou. 

Falhas  

Na manhã de sexta-feira, a operadora do aeroporto, Heathrow Airport Holdings, relatou uma "queda significativa de energia" durante na madrugada e anunciou o fechamento do aeroporto "até 23h59 (hora de Londres, 20h59 em Brasília) do dia 21 de março". 

Willie Walsh, diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), mencionou "falhas" do aeroporto. "Como é possível que uma infraestrutura estratégica (...) seja totalmente dependente de uma única fonte de eletricidade, sem alternativa?", perguntou. "Se esse for o caso, como parece ser, é uma clara falha de organização por parte do aeroporto", disse o ex-chefe da British Airways no X, acrescentando que o incidente "levantou sérias questões".  

O aeroporto londrino conta com diversas fontes de energia elétrica para seu abastecimento, além de geradores de emergência. Esses sistemas, porém, não são projetados para garantir o pleno funcionamento da infraestrutura, de acordo com a operadora do aeroporto. 

Este incidente mostra o quão "Heathrow é vulnerável e, portanto, precisamos aprender com isso", enfatizou o Secretário de Energia, Ed Miliband. 

"Estão sendo feitos questionamentos sobre como esse incidente aconteceu e quais medidas precisam ser tomadas para evitar que essa perturbação generalizada aconteça novamente", disse um porta-voz do primeiro-ministro Keir Starmer. 

A polícia antiterrorismo está investigando as causas do incêndio que provocou interrupções no tráfego aéreo global. A escolha da unidade antiterrorismo da polícia de Londres para apurar o incidente se deve à sua localização e seu "impacto na infraestrutura nacional crítica". Até o momento, segundo os investigadores, não há "nenhum sinal de ato intencional". 

O impacto desse fechamento foi sentido até na Ásia, com muitos voos sendo cancelados ou redirecionados. 

A queda de energia ocorreu após um grande incêndio, já controlado, na estação transformadora Hayes, nos subúrbios do oeste de Londres, que atende o aeroporto, segundo os bombeiros. 

No início desta tarde, a operadora de rede elétrica National Grid anunciou que havia implementado uma "solução provisória" para restaurar "a capacidade de fornecer energia às áreas do Aeroporto de Heathrow que estão conectadas" à infraestrutura danificada. 

O custo do fechamento de Heathrow para o aeroporto e para as companhias aéreas "certamente será superior a 50 milhões de libras (59 milhões de euros)", disse o consultor de aviação Philip Butterworth-Hayes à AFP. 

A British Airways, a maior companhia aérea que opera no aeroporto de Londres, alertou que o fechamento teria um "impacto significativo" em suas operações. 

Construído em 1946, Heathrow é o maior dos cinco aeroportos que atendem a capital britânica. Em janeiro, recebeu luz verde do governo para construir uma terceira pista, até 2035. 

(Com AFP)

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