UE encara cessar-fogo de Putin com ceticismo; bloco se reúne para discutir assunto
Líderes europeus se reúnem, pela segunda vez neste mês para discutir a guerra na Ucrânia e a defesa do bloco. Desta vez, porém, o Conselho Europeu, que começa nesta quinta-feira (20), acontece logo depois do presidente russo, Vladimir Putin, ter aceitado um cessar-fogo temporário às infraestruturas da Ucrânia, em uma conversa por telefone com o americano Donald Trump. Como foi a reação na União Europeia e quais serão os próximos passos?
Líderes europeus se reúnem, pela segunda vez neste mês para discutir a guerra na Ucrânia e a defesa do bloco. Desta vez, porém, o Conselho Europeu, que começa nesta quinta-feira (20), acontece logo depois do presidente russo, Vladimir Putin, ter aceitado um cessar-fogo temporário às infraestruturas da Ucrânia, em uma conversa por telefone com o americano Donald Trump. Como foi a reação na União Europeia e quais serão os próximos passos?
A conversa entre o presidente americano, Donald Trump, e o russo Vladimir Putin durou uma hora e meia, mas não foi suficiente para convencer Bruxelas. Os dirigentes europeus demonstram ceticismo a este "discurso de paz" temporário do líder russo. Para eles, Putin na realidade não busca um fim pacífico para o conflito, que já dura três anos.
A desconfiança aumentou ainda mais com a onda de ataques lançada pela Rússia em toda a Ucrânia horas depois da Casa Branca anunciar o acordo de uma trégua parcial com Putin.
A Alemanha descreveu como "inaceitável" a insistência do Kremlin de que uma condição fundamental para a paz seria a suspensão total do apoio militar e da inteligência ocidental às forças armadas da Ucrânia. Segundo especialistas, a estratégia russa é de "dividir para melhor reinar".
"É claro que a Rússia não quer fazer nenhum tipo de concessão. Putin quer ver os EUA e a Europa divididos, mas nós não vamos dar isso a ele", afirmou a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, às vésperas do encontro em Bruxelas.
Durante os dois dias de reunião, Kallas pretende convencer os países do bloco, além do Reino Unido e da Noruega, a mobilizarem até ? 40 bilhões para novo apoio militar à Kiev. O plano representa o dobro da ajuda que a União Europeia prestou à defesa ucraniana no ano passado e prevê que os países contribuam de forma voluntária, sem a imposição da regra de unanimidade, que é a obrigação de um consenso por todos os Estados-membros do bloco.
"Livro Branco" da defesa europeia
Acaba de ser publicada a estratégia de defesa para a União Europeia, intitulada "Livro Branco sobre a Defesa Europeia - Prontidão 2030", que define as prioridades em matéria de investimentos para rearmar a Europa e como este processo será financiado. A ideia é comprar mais armas de empresas da UE ou de países terceiros com quem o bloco tem acordos de defesa.
Os fabricantes de armamentos do Reino Unido, EUA e Turquia serão excluídos dos futuros contratos, a menos que assinem um acordo de parceria e defesa com a União Europeia. "Temos que comprar mais na Europa porque isso significa fortalecer a base tecnológica e industrial de defesa europeia", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Em Bruxelas, os líderes europeus devem aprofundar o debate sobre o "Livro Branco", com base na proposta da Comissão Europeia de mobilizar até ? 800 bilhões para financiar a defesa do continente nos próximos quatro anos. No início do mês, quando Von der Leyen apresentou o plano, os dirigentes do bloco deram o seu apoio político, mas apesar das discussões nesta quinta e sexta-feira, a decisão final só deverá ser aprovada em junho.
A Europa tem pressa em se rearmar
No mês passado, o serviço de inteligência dinamarquês alertou que a Rússia poderia começar uma guerra em larga escala com a Europa em cinco anos, se Moscou considerar que a Otan está militarmente enfraquecida ou politicamente dividida. Em seguida, a Comissão Europeia declarou que a Europa precisaria estar pronta para dissuadir potenciais invasores até 2030.
Recentemente, ao citar vários relatórios de inteligência, o comissário europeu de Defesa, Andrius Kubilius, reforçou a mensagem de que a Rússia poderia estar pronta para lançar um ataque militar contra um país da União Europeia ou Otan antes de 2030. Neste caso, seria acionado o artigo nº 5, a cláusula de proteção mútua da aliança militar que diz que se uma nação da organização for atacada, todas as outras devem reagir.
Poucas horas antes do Conselho Europeu, a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas afirmou: "não temos uma guerra fria, mas uma guerra quente em solo europeu, e a ameaça é tão real quanto pode ser".