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Governo Lula pedirá desculpas por negligência com desaparecidos da ditadura

Ministra Macaé Evaristo - Ministério dos Direitos Humanos
Ministra Macaé Evaristo Imagem: Ministério dos Direitos Humanos
do UOL

Do UOL, em São Paulo

20/03/2025 14h25Atualizada em 20/03/2025 17h24

A ministra Macaé Evaristo (dos Direitos Humanos e da Cidadania) fará um pedido público de desculpas aos familiares de desaparecidos políticos durante a ditadura militar.

O que aconteceu

A cerimônia ocorrerá na próxima segunda-feira no Cemitério Dom Bosco, na zona norte de São Paulo. No local, um cemitério clandestino da ditadura militar (1964-85), foi descoberta em 1990 a vala de Perus, com ossadas de vítimas do regime de exceção.

O pedido de desculpas público faz parte de um acordo de conciliação. Passados 35 anos da descoberta das ossadas, familiares de desaparecidos políticos receberão pedido de desculpas da União por reconhecimento da negligência do Estado na identificação dos restos mortais.

Data da solenidade foi escolhida por ser o Dia da Memória, pela Verdade e pela Justiça. Na cerimônia, que acontecerá entre as 14h e as 16h, a ministra deve falar sobre acordos com coletivos de familiares de desaparecidos políticos e assumir que União falhou no reconhecimento dos 1.049 remanescentes ósseos.

Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes foram convidados. O governador de São Paulo e o prefeito da capital paulista não confirmaram ao UOL se vão participar. Reportagem da Agência Pública diz que a gestão Tarcísio se recusou a fazer um evento público de pedido de desculpas, informando em dezembro que iria apenas divulgar uma nota por escrito em seus canais oficiais na internet.

27.set.2017 - Uma das mais de mil ossadas achadas numa vala comum clandestina no cemitério Dom Bosco, em Perus (04.set.1990) - L.C Leite/Folhapress - L.C Leite/Folhapress
27.set.2017 - Uma das mais de mil ossadas achadas numa vala comum clandestina no cemitério Dom Bosco, em Perus (04.set.1990)
Imagem: L.C Leite/Folhapress

São mais de 50 anos em busca de corpos. Em 2020, pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), responsáveis pela identificação das ossadas, relataram ao UOL que o investimento na equipe encarregada das análises foi reduzido em 2019 — incluindo o encerramento de contratos com peritas.

O Ministério Público Federal moveu uma ação pública contra a União, o estado de São Paulo, a USP, a Unicamp e a UFMG. Segundo o MPF, todos os envolvidos nos trabalhos de identificação das ossadas de perseguidos políticos durante a ditadura têm a "obrigação de apresentar um pedido formal de desculpas aos familiares e à sociedade brasileira pela negligência na condução dos trabalhos de identificação", conforme destacou o MDH.

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