Kremlin denuncia "planos de militarização" da Europa, enquanto líderes da UE se reúnem em Londres e Bruxelas
O Kremlin denunciou na quinta-feira (20) os "planos de militarização da Europa". Duas reuniões extraordinárias com representantes de países da União Europeia acontecem paralelamente em Londres e em Bruxelas para discutir o rearmamento do bloco e o apoio a Kiev.
"Os sinais vindos de Bruxelas e das capitais europeias são principalmente sobre planos para militarizar a Europa", criticou o porta-voz russo Dmitry Peskov. "A Europa se envolveu em sua própria militarização e se transformou em parte da guerra", acrescentou.
Em Londres, líderes militares de cerca de 30 países que apoiam a Ucrânia se reúnem na quinta-feira para discutir a "fase operacional" de seu plano de manutenção da paz no caso de um cessar-fogo.
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer, juntamente com o presidente francês Emmanuel Macron, está trabalhando para construir uma "coalizão dos dispostos" a contribuir com o plano. No plano, alguns países forneceriam apoio logístico e técnico para uma futura força de manutenção da paz ou até mesmo hospedando pessoal em seu território.
Keir Starmer e Emmanuel Macron tentam formar essa coalizão desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, iniciou negociações diretas com a Rússia, sem a presença da Ucrânia e dos europeus, no mês passado, numa tentativa de acabar com três anos de guerra.
O chefe de governo britânico e o presidente francês discutiram o envio de tropas para a Ucrânia como parte de uma força de paz no caso de um cessar-fogo. Segundo o governo britânico, um "número significativo" de países está disposto a fazer o mesmo.
Vladimir Putin, no entanto, estabeleceu a suspensão da ajuda militar ocidental à Ucrânia e rejeitou a ideia de presença de tropas estrangeiras em solo ucraniano como condição para qualquer cessar-fogo.
Os líderes britânico e francês querem estabelecer garantias de segurança com apoio americano que impeçam Vladimir Putin de violar qualquer possível cessar-fogo.
Questão ucraniana na agenda de cúpula em Bruxelas
A questão ucraniana e a da defesa europeia diante da ameaça russa também estão na agenda de uma cúpula da UE em Bruxelas nesta quinta-feira, a terceira de chefes de Estado em seis semanas.
A grande questão entre os líderes do bloco é se a Europa vai se endividar conjuntamente como durante a pandemia de Covid-19.
Duas semanas atrás, eles aprovaram o plano da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, de mobilizar até € 800 bilhões para defesa.
Embora todos aplaudam a ação decisiva tomada em tempo recorde, há cada vez mais vozes que destacam as limitações de um sistema que depende essencialmente dos gastos nacionais.
Alguns Estados-membros muito endividados, como a França, a Itália e a Bélgica, terão grande dificuldade em encontrar margem de manobra.
(Com AFP)