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Israel bombardeia Faixa de Gaza e fala em "advertência final" aos palestinos

20/03/2025 07h28

Israel efetuou novos bombardeios na manhã desta quinta-feira (20) nas regiões norte e sul da Faixa de Gaza, apresentando esses ataques como "uma advertência final" aos habitantes do território palestino, caso o grupo Hamas não liberte os reféns ainda retidos no enclave. A Defesa Civil da Faixa de Gaza informou que pelo menos 10 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas após a intensificação desses ataques, ao leste de Khan Yunis.

As vítimas desta quinta-feira se somam às 470 pessoas que morreram nos ataques aéreos israelenses iniciados na madrugada de terça-feira (18), incluindo 14 integrantes de uma mesma família, em um bombardeio na quarta-feira (19), no norte do território.

Fred Oola, médico do hospital de campanha da Cruz Vermelha em Rafah, sul de Gaza, afirmou que a retomada dos ataques acabou com a calma relativa dos últimos dois meses. "Agora, podemos sentir o pânico no ar (...) e ver a dor e devastação nos rostos das pessoas que ajudamos", declarou, em um comunicado.

Ultimato

"Residentes de Gaza, este é o último aviso", declarou o ministro da Defesa, Israel Katz. "Devolvam os reféns e eliminem o Hamas, e outras opções serão abertas, incluindo a possibilidade de se deslocarem para outros lugares do mundo para aqueles que desejarem".

O exército israelense voltou a fechar esta manhã a circulação na Salaheddine Road, principal estrada que liga o norte ao sul da Faixa de Gaza. "Nas últimas 24 horas, tropas [israelenses] começaram uma operação terrestre limitada no centro e sul da Faixa de Gaza [...] Para sua segurança, viagens entre o norte e o sul da Faixa de Gaza e vice-versa são proibidas no eixo", escreveu o porta-voz do exército israelense de língua árabe, Avichay Adraee, em uma mensagem no X.

O Hamas acusa Israel de tentar "torpedear" o acordo de trégua que entrou em vigor em 19 de janeiro, após 15 meses de guerra em Gaza. 

Em resposta, um míssel lançado pelos rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã e solidários ao movimento islâmico palestino, foi interceptado pela defesa israelense. O alvo era o Aeroporto Internacional Ben Gurion, de Tel Aviv.

Escritório da ONU atacado

No centro de Gaza, o escritório das Nações Unidas de Serviços e Projetos (Unops) anunciou que um de seus funcionários morreu e outras cinco pessoas ficaram feridas em Deir al Balah, vítimas de um "artefato explosivo" que atingiu um de seus prédios.

O Ministério da Saúde do governo do Hamas culpou Israel, enquanto o Exército israelense negou ter bombardeado um prédio da ONU. A chancelaria israelense anunciou posteriormente que estava investigando "as circunstâncias" da morte "de um cidadão búlgaro, funcionário da ONU".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu uma "investigação completa" sobre o incidente. O Reino Unido também exigiu um inquérito "transparente".

Negociações

Um funcionário do Hamas disse à agência Reuters que o os mediadores do conflito em Gaza intensificaram o diálogo com as partes para a retomada do cessar-fogo, sem avanços até o momento. 

Por enquanto, o Hamas não respondeu militarmente aos ataques. Um de seus representantes declarou que o grupo está aberto a iniciar conversas para retomar o cessar-fogo.

"O Hamas não fechou a porta" para as negociações, mas insistiu que "não há necessidade de novos acordos", afirmou à AFP Taher al Nunu, um dirigente do movimento, que pediu para que Israel seja obrigado a respeitar o acordo de cessar-fogo existente. Ele também insistiu no início da "segunda fase das negociações", prevista no acordo de trégua em vigor desde 19 de janeiro.

A primeira fase da trégua, que expirou em 1º de março, significou a devolução de 33 reféns a Israel, oito deles mortos, e a libertação de 1.800 presos palestinos. Desde então, as negociações realizadas com a mediação de Catar, EUA e Egito foram paralisadas.

O Hamas quer passar para a segunda fase do acordo, que prevê um cessar-fogo permanente, a retirada israelense de Gaza, a reabertura das passagens fronteiriças para ajuda humanitária e a libertação dos últimos reféns.

Já Israel quer que a primeira fase se estenda até meados de abril. Para passar à segunda fase, Israel exige a "desmilitarização" de Gaza e a saída do Hamas, que governa o território desde 2007.

Manifestação em Jerusalém

Em Jerusalém, milhares de manifestantes vaiaram o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de tomar um caminho antidemocrático e de continuar a guerra contra o Hamas sem levar em consideração os reféns nas mãos do movimento palestino.

"Esperamos que todo o povo de Israel se una ao movimento e continue até que se restabeleça a democracia e libertem os reféns", disse Zeev Berar, de 68 anos, que saiu de Tel Aviv para participar do protesto, na quarta-feira.

Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, 58 permanecem em Gaza, das quais 34 já foram declaradas mortas pelo Exército. 

O ataque de 7 de outubro de 2023, executado pelo Hamas, deixou 1.218 mortos do lado israelense, que lançou uma ofensiva de represália em Gaza, causando pelo menos 48.570 mortes até o momento.

(Com agências)

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