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Ibovespa cai após subir 6 sessões, apesar de alta em NY, com investidores digerindo Fed e Copom

São Paulo

20/03/2025 11h23

O Ibovespa defende na manhã desta quinta-feira, 20, a marca dos 132 mil pontos reconquistada na quarta-feira, 19, depois de cinco meses quando atingiu este nível. No entanto, há pouco renovou mínima apesar da virada para cima de forma moderada das bolsas americanas. Ainda que amplamente esperadas as decisões sobre juros dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos ontem, os investidores reavaliam os sinais dados pelas instituições.

Para Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3, após seis elevações consecutivas do Índice Bovespa, é natural uma queda. "Tem alta forte no mês até agora, já sobe 7,74%. Um aumento da Selic já era esperado. E o indicador está nessa zona de 132 mil pontos, é uma linha de resistência. Geralmente fica batendo de um lado para o outro. Se romper, pode andar mais. Mas é natural corrigir", avalia.

"Esses movimentos têm raízes nas decisões. Inicialmente, o mercado entendeu o comunicado do Fed Federal Reserve , o banco central dos Estados Unidos como mais dovish ontem, mas depois foi digerindo e entendeu que não necessariamente é tão dovish leve assim", pontua Carla Argenta, economista da CM Capital, Carla Argenta. Desta forma, os juros e o dólar avançam em sintonia com o exterior.

Carla Argenta explica que os mercados esperavam que o Fed trouxessem avaliação sobre os possíveis efeitos deletérios da política tarifária do governo dos EUA. Como não trouxe isso, o mercado leu o comunicado como mais leve. No entanto, acrescenta a economista da CM, as incertezas quanto aos impactos dessa política estão no radar.

Na quarta, antes do Comitê de Política Monetária (Copom), o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deixou o juro básico inalterado entre 4,25% e 4,50%. Chamou a atenção o fato de o presidente do Fed, Jerome Powell, ter voltado a usar o termo "transitório" para se referir ao aumento das expectativas da inflação nos Estados Unidos por conta das tarifas de Donald Trump.

Já em relação ao Copom, a taxa Selic foi elevada de 13,25% para 14,25% ao ano de forma unânime, em linha com a orientação futura, o chamado forward guidance. Contudo, o Banco Central indicou redução no ritmo de alta à frente.

Para Silvio Campos Neto, economista sênior da Tendências Consultoria, o texto começou a preparar terreno para o final do ciclo e sinalizou um ritmo menor de aperto em maio, algo natural diante do estágio avançado do ajuste. "No entanto, deu pouca ênfase aos sinais de esfriamento da atividade e ao recuo do dólar, além de enfatizar o quadro inflacionário adverso", avalia o sócio da consultoria em nota.

Conforme a economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, a decisão reforça a continuidade do ciclo de aperto monetário e mantém sua projeção de um aumento de 0,75 ponto porcentual da Selic no Copom em maio, levando a Selic para 15%.

Ainda segundo Tatiana, o comunicado do BC transmite uma mensagem prudente, reconhecendo a complexidade do cenário internacional, desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.

Ao programa Bom Dia, Ministro, da EBC, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a proposta do governo para o consignado privado é uma resposta aos juros altos, frisando que a fixação da Selic cabe ao Banco Central independente.

Hoje, fica no foco a sessão conjunta convocada pelo Congresso Nacional para a votação do Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2025.

Ontem, o Ibovespa fechou com alta de 0,79%, aos 132.508,45 pontos. Foi a primeira vez que encerrou nessa marca desde outubro.

"Há espaço para seguir em alta pelo fluxo de estrangeiro, mas certamente existe temor com déficit fiscal que pode afetar o ingresso de recursos", diz Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil.

Às 11h11, o Ibovespa caía 0,18%, aos 132.712,52, na mínima em 132.270,76 pontos, ante máxima em 132.712,52 pontos, em alta de 0,15%.

Vale (-0,09%) e da Petrobrás (PN: -0,17%; ON: 0,13%), enquanto o minério fechou com queda de 0,46% hoje em Dalian e o petróleo subia en torno de 1,00%.

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