Haddad repete que não é possível dar cavalo de pau no comando do BC, em referência a Galípolo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (20) que o aumento de 1 ponto porcentual na taxa Selic realizado na quarta-feira, 19, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) estava "contratado" desde dezembro, quando o Banco Central era presidido por Roberto Campos Neto, indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Você não pode, na presidência do Banco Central, dar um cavalo de pau depois que se assumiu", disse, durante participação no programa "Bom Dia, Ministro", da EBC. "O novo presidente, com os novos diretores, eles têm aí uma herança a administrar, mais ou menos como eu tive uma herança a administrar em relação ao Paulo Guedes ex-ministro da Economia."
As declarações de Haddad fazem referência ao atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, que assumiu o cargo em janeiro e foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em dezembro, o Copom aumentou a Selic em 1 ponto e indicou mais duas altas da mesma magnitude, em janeiro e março. Nesta quarta, o comitê elevou os juros a 14,25% e sinalizou pelo menos mais um aumento, "de menor magnitude", em maio.
O ministro acrescentou que tanto a diretoria do BC, quanto os técnicos da autarquia são "muito respeitáveis", qualificados e "vão fazer o melhor pelo País." Disse, ainda, que o governo aprovou um ajuste fiscal relevante no fim de 2024 e está cumprindo o arcabouço fiscal e buscando cumprir a meta de resultado primário, assim como o BC tem de cumprir a meta de inflação.
"Assim como eu tenho a meta fiscal para cumprir, que é aprovada pelo Congresso Nacional, o Banco Central tem a meta cumprir, que é a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional", disse. "São metas sempre exigentes, mas que nós temos que buscar."