Grupo de 300 migrantes chega a Caracas, após EUA enviarem venezuelanos para prisão em El Salvador
Mais de 300 migrantes venezuelanos chegaram a Caracas vindos do México na quinta-feira (20) em um avião fretado pelo governo de Nicolás Maduro, cinco dias depois de os Estados Unidos deportarem outro grupo de venezuelanos para uma prisão em El Salvador, acusados ??de pertencer gangues criminosas.
Os 311 migrantes foram recebidos com grande pompa pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello, no Aeroporto Internacional de Maiquetía. A chegada deles foi transmitida ao vivo pela televisão pública.
De acordo com relatos iniciais, os migrantes que chegaram a Caracas queriam entrar nos Estados Unidos, mas desistiram.
Este é o quarto voo de migrantes a chegar à Venezuela desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, assumiu o poder em janeiro. O governo de esquerda de Maduro concordou em repatriar venezuelanos sem documentos para os Estados Unidos.
Dois voos do Texas e outro de Honduras, transportando migrantes detidos na base militar dos EUA em Guantánamo, pousaram em Maiquetía em fevereiro.
No domingo (16), Donald Trump enviou 238 venezuelanos para El Salvador, acusados ??de serem membros da gangue Tren de Arágua, um grupo criminoso multinacional classificado como "terrorista" pelo presidente americano.
Os venezuelanos foram enviados ao presídio de segurança máxima que o presidente salvadorenho Nayib Bukele criou para membros de gangues em seu país.
"O presidente Nicolás Maduro deu instruções para trazer de volta todos os venezuelanos, onde quer que estejam (...) Aqueles que foram sequestrados pelo governo de El Salvador, aqueles que foram enviados dos Estados Unidos e rotulados como criminosos sem terem sido submetidos a julgamento, sem nenhum registro criminal, também esperamos trazê-los de volta à Venezuela", disse Cabello na pista do aeroporto, agradecendo às autoridades mexicanas.
"Esperamos que o governo de El Salvador devolva (à Venezuela) os venezuelanos que estão presos em El Salvador, para que possam se reunir com suas famílias", acrescentou.
Maduro anunciou na segunda-feira (17) que pediria à ONU que ativasse mecanismos para proteger e defender os direitos humanos dos venezuelanos detidos em El Salvador.
Novas sanções
Em comunicado, Washington destacou que os voos de repatriação de migrantes venezuelanos dos Estados Unidos para Caracas não foram retomados. "Como previsto, Nicolás Maduro e seus comparsas continuam mentindo. Apesar dos relatos da imprensa, voos de repatriação para a Venezuela via México não estão acontecendo hoje. Maduro deve parar de mentir e programar voos de repatriação regulares e semanais", disse o Departamento de Estado no X.
Washington não reconheceu a reeleição de Maduro em julho. A oposição reivindica a vitória e alega fraude na votação.
No final de fevereiro, Donald Trump revogou a licença concedida pelo ex-presidente Joe Biden que autorizava a petrolífera americana Chevron a operar na Venezuela, apesar das sanções contra Caracas. Washington impôs as penalidades à Venezuela após a reeleição de Maduro em 2018, em uma votação boicotada pela oposição.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ameaçou endurecer as sanções contra o país sul-americano. Os dois países romperam relações em 2019.
Cerca de oito milhões de venezuelanos fugiram da grave crise econômica e política que o país enfrenta desde 2014. O PIB da Venezuela encolheu 80% entre 2013 e 2022.
(Com AFP)