Dólar interrompe série de quedas e sobe 0,49% ante o real sob influência externa
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -Após sete sessões consecutivas de baixa, o dólar fechou a quinta-feira em alta ante o real, acompanhando o avanço da moeda norte-americana no exterior após o Federal Reserve indicar que não tem pressa para cortar juros nos Estados Unidos.
Alguns agentes também aproveitaram a sequência mais recente de baixas do dólar no Brasil para comprar moeda, o que deu suporte às cotações.
O dólar à vista fechou em alta de 0,49%, aos R$5,6763, após ter atingido na véspera a menor cotação em cinco meses.
Às 17h05 na B3 o dólar para abril -- atualmente o mais líquido no Brasil -- subia 0,42%, aos R$5,6870.
A moeda norte-americana oscilou em alta por praticamente toda a sessão, com alguns exportadores aproveitando as cotações mais baixas para comprar divisas. O movimento era amparado pelo exterior, onde o dólar também subia ante a maior parte das demais moedas desde cedo.
O avanço era uma reação a comentários do chair do Fed, Jerome Powell, na véspera, sobre a possibilidade de corte de juros norte-americanos este ano.
“Não teremos pressa para agir", disse Powell, após o Fed ter mantido sua taxa de juros na faixa entre 4,25% e 4,50%. Ao mesmo tempo. Powell afirmou que é muito cedo para determinar o impacto que as tarifas de importação cobradas pelos EUA podem ter sobre a inflação.
Em meio às incertezas sobre a política monetária norte-americana, os rendimentos dos Treasuries recuavam nesta quinta-feira, mas o dólar sustentava ganhos desde cedo. No Brasil, após marcar a cotação mínima de R$5,6473 (-0,02%) às 10h03, o dólar à vista atingiu a máxima de R$5,6822 (+0,59%) às 13h18.
O noticiário interno, apesar de influenciar os DIs (Depósitos Interfinanceiros) nesta quinta-feira, ficou em segundo plano no câmbio.
Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica Selic em 100 pontos-base, para 14,25% ao ano, e indicou a intenção de promover novo aumento em maio -- desta vez, de menos de 100 pontos-base. Em sua justificativa para o guidance, o BC citou o cenário ainda adverso para a inflação, a elevada incerteza e o efeito defasado da elevação dos juros sobre os preços.
Na manhã desta quinta o Banco Central vendeu US$2 bilhões em dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), um dia após vender outros US$2 bilhões. As operações visavam a rolagem de vencimentos em abril.
Às 17h16, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,41%, a 103,800.
(Edição de Pedro Fonseca)