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Ataques mútuos continuam entre Ucrânia e Rússia; EUA propõem proteger centrais energéticas ucranianas

20/03/2025 08h12

Duas pessoas morreram em bombardeios russos noturnos no leste da Ucrânia, onde um ataque com mais de 170 drones deixou 10 feridos e provocou incêndios a centenas de quilômetros da frente de batalha, informaram as autoridades ucranianas nesta quinta-feira (20). Já a Rússia abateu 132 drones ucranianos sobre seu território durante a noite, anunciou o Ministério da Defesa russo, relatando dois feridos e um incêndio em uma base aérea. 

As ações militares de ambos os lados demonstram a continuidade do conflito, apesar dos esforços dos Estados Unidos para um cessar-fogo. Na região de Saratov, a quase 700 quilômetros de Moscou, foram interceptados 54 drones e outros 40 na região vizinha de Voronezh, afirma um comunicado do Ministério russo da Defesa.

A Rússia e a Ucrânia intensificaram os ataques aéreos, apesar das pressões do presidente americano, Donald Trump, para que aceitem um cessar-fogo, mais de três anos após o início da guerra.

De acordo com as autoridades das regiões de Sumi e Kharkiv, na Ucrânia, as tropas russas lançaram quase 30 bombas que deixaram dois mortos e vários feridos. 

Um ataque russo com drones contra a cidade de Kropivnitski, a centenas de quilômetros da frente de batalha, feriu 10 pessoas, incluindo quatro crianças, afirmaram as autoridades locais. "Kropivnitski sofreu o ataque inimigo mais massivo. Edifícios residenciais foram destruídos", declarou o governador da região, Andrii Raikovich.

"Isto é o que parece ser o cessar-fogo de Putin. A Rússia ataca civis com grande prazer", escreveu nas redes sociais o assessor da presidência ucraniana, Andrii Yermak.

A Rússia lançou 171 drones contra a Ucrânia, dos quais 75 foram derrubados, informou a Força Aérea ucraniana. Os outros 63 drones não foram interceptados, mas não provocaram danos, segundo o comunicado militar.

EUA quer proteger instalações de energia na Ucrânia

Na quarta-feira (19), o presidente americano, Donald Trump, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, falaram por telefone. O presidente dos Estados Unidos sugeriu que os americanos tomassem "posse" das usinas nucleares e de energia ucranianas, o que "constituiria a melhor proteção e apoio possíveis".

Além disso, a Ucrânia recebeu vários caças F-16 adicionais. Zelensky detalhou que, na conversa, só se falou de "uma central, que está sob ocupação russa", ou seja, a usina nuclear de Zaporíjia, no sudeste da Ucrânia.

Por parte de Washington, o tom foi suavizado em comparação com a hostilidade com que o presidente ucraniano foi recebido por Trump na Casa Branca, em 28 de fevereiro. "Hoje não senti nenhuma pressão. Isso é um fato", declarou Zelensky a jornalistas. Em mensagem na rede X, ele classificou a conversa de "positiva, bastante substancial e franca".

Um comunicado oficial americano reitera que Zelensky "agradeceu" a Trump várias vezes por seu trabalho.

"Acabo de ter uma conversa muito boa com o presidente da Ucrânia [...] Grande parte dela se baseou na conversa de ontem [terça] com o presidente Vladimir Putin para alinhar as demandas e necessidades da Rússia e da Ucrânia. Está tudo muito bem encaminhado", escreveu Trump, em sua plataforma Truth Social.

O telefonema aconteceu pouco depois de Rússia e a Ucrânia anunciarem que haviam feito uma troca envolvendo 175 prisioneiros de guerra de cada lado.

"O presidente Zelensky pediu sistemas de defesa antiaérea [...] e o presidente Trump concordou em trabalhar com ele para ver o que estava disponível, especialmente na Europa", disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em coletiva de imprensa.

Leavitt mencionou os sistemas Patriot e acrescentou que "a troca de inteligência militar para a defesa da Ucrânia" vai "continuar".

Negociações

Os Estados Unidos haviam suspendido temporariamente a ajuda militar e a troca de informação, até que Kiev aceitasse a proposta de um cessar-fogo total de 30 dias. A Ucrânia cedeu, mas Trump não conseguiu convencer Putin.

Washington ainda prometeu agir para repatriar crianças ucranianas "sequestradas" desde o começo da invasão russa, em fevereiro de 2022.

O futuro da ajuda ocidental à Ucrânia ainda é incerto. Putin reivindica a sua suspensão. Tampouco se sabe se haverá ou não uma eventual "distribuição" territorial de áreas conquistadas pelos russos, recentemente mencionada pelo presidente americano.

As negociações vão continuar na Arábia Saudita, no próximo domingo (23), entre americanos e russos, de um lado, e americanos e ucranianos, do outro.

O objetivo é alcançar uma trégua no Mar Negro, seguida de um cessar-fogo total e, posteriormente, negociações de paz.

Zelensky em Oslo

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegou a Oslo, capital da Noruega, nesta quinta-feira para conversas com o primeiro-ministro Jonas Gahr Støre.

"Estou ansioso para ter boas discussões sobre como a Noruega pode ajudar a Ucrânia, tanto no curto quanto no longo prazo", disse Støre, em um comunicado de seu gabinete.

Há duas semanas, o país escandinavo anunciou que mais do que dobraria a sua ajuda militar e civil à Ucrânia este ano, chegando a 85 bilhões de coroas (€ 7,2 bilhões).

Na quarta-feira, Volodymyr Zelensky esteve na Finlândia, outro país da Otan que faz fronteira com a Rússia.

(Com AFP)

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