Rojões, estupros: 10 vezes em que alunos de medicina geraram indignação
Uma faixa com mensagem de apologia ao estupro foi exibida por alunos de medicina da Faculdade Santa Marcelina durante uma competição esportiva no último sábado. O comportamento foi alvo de notas de repúdio de entidades ligadas à faculdade e da própria instituição, que abriu sindicância para apurar o caso.
Frases machistas, misóginas e racistas já foram ditas ou escritas outras vezes por futuros médicos, atitude que gera indignação. Relembre outros casos a seguir.
1. 'Não tenho culpa se seu pai é motoboy'
Em 2022, estudantes de medicina da unidade de Itaperuna da Unig (Universidade Iguaçu) foram duramente criticados pelo "grito de guerra" entoado durante um encontro esportivo. Da plateia, eles dizem: "Ei, eu sou playboy. Não tenho culpa que seu pai é motoboy". O momento foi gravado em vídeo e se espalhou, gerando centenas de comentários negativos.
2. Dez minutos para dormir
Naquele mesmo ano, em 8 de fevereiro, uma estudante de medicina ironizou em suas redes sociais a morte de uma paciente no hospital em que era estagiária, em Marechal Deodoro, Alagoas.
"Faltando dez minutos para minha hora de dormir, chega uma mulher infartando e com edema agudo de pulmão. E agora já passou 1h30 da minha hora de dormir. Estou p...", escreveu.
Pouco depois, a jovem realizou uma nova postagem. Uma selfie com o polegar para cima em sinal de positivo com a legenda: "Atualização: mulher morreu e eu não dormi". Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Marechal Deodoro, foi solicitado o desligamento da jovem do quadro de estagiários do município.
3. 'Sempre uma mulher'
No dia 12 de julho de 2022, um estudante da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), de 21 anos, satirizou um texto publicado em tom de desabafo por uma mulher nas redes sociais. A fotógrafa Tracy Figg criticava um caso de estupro de uma paciente que passava por uma cesárea.
"No cruzamento da preferencial, com placa de pare, na mudança de pista, no sinal vermelho, na pista molhada, loiras, morenas [...] nem toda mulher, mas sempre uma mulher", dizia o trecho do comentário feito pelo estudante de medicina.
4. 'Tentativa de coito'
Em 2019, durante um trote dos estudantes de medicina da Unifran (Universidade de Franca), calouras apareceram jurando não recusar "tentativa de coito". O vídeo em que elas aparecem ajoelhadas provocou reações de indignação de entidades estudantis e da Ordem dos Advogados do Brasil.
Em um dos trechos, as jovens prometem: "Juro solenemente nunca recusar uma tentativa de coito de um veterano. Prometo nunca entregar o meu corpo a nenhum invejoso, burro, trouxa... da Odonto". Em nota, a Unifran condenou o ocorrido.
5. Genitália com as mãos
Em 2017, alunos do último ano de medicina da UVV (Universidade de Vila Velha) postaram uma das fotos para a formatura em que aparecem vestindo o jaleco, com as calças abaixadas até o tornozelo, simulando uma genitália feminina com as mãos. Na legenda, a hashtag #PintosNervosos. Os alunos envolvidos na imagem foram punidos pela instituição de ensino a pagarem com "trabalhos de responsabilidade social".
6. 'Vagabundas'
Ainda em 2017, um estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina fez uma postagem em um grupo fechado do evento Intermed Paraná em que, com palavras machistas, misóginas e de baixo calão, ofendeu alunas da UFPR (Universidade Federal do Paraná), chamando as universitárias de "vagabundas".
Entidades repudiaram a atitude do aluno e abriram um processo contra o estudante. Em um print de uma conversa que vazou nas redes sociais, o universitário não se mostrou arrependido do comentário e ainda debochou da situação.
7. 'Dopasmina'
Em 2016, estudantes de medicina da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) criaram polêmica com uma postagem com o termo 'dopasmina'. A palavra era um trocadilho com o termo dopamina, neurotransmissor responsável pelas emoções e movimentos.
Segundo o Coletivo Nise da Silveira, o termo é usado para "nomear festas e eventos onde ocorrem diversas tentativas e abusos sexuais às mulheres". Entidades dos direitos humanos e dos direitos das mulheres assinaram nota de repúdio à atitude dos estudantes. Em protesto, cartazes alteraram o termo 'dopasmina' para 'respeitasmina' e 'juntasmina'.
Em nota na época, os estudantes negaram que o termo tivesse sido usado de forma pejorativa. "Em nenhum momento a idealização do nome teve interesse pejorativo ou de caráter degradante, tampouco a intenção de fazer apologia ao estupro ou de desrespeitar as mulheres", destacou a nota.
8. Estupros em festas
Em 2014, alunas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) denunciaram estupros e práticas abusivas durante festas, eventos estudantis e em trotes, em que os calouros são recebidos por alunos veteranos. Um coletivo feminista da FMUSP, o Geni, criado em 2013 por alunas da universidade, passou a receber as alunas novas.
9. Rojões em hospital
Em dezembro de 2008, a mesma universidade se envolveu em outra polêmica. Catorze estudantes foram suspensos da formatura, acusados de invadirem o Hospital Universitário com sprays de espuma, bebidas alcoólicas e rojões (acionados dentro da unidade), em uma área em que alguns pacientes em estado grave estavam internados.
10. Inquérito sobre racismo
Em 2005, residentes e ex-residentes de medicina da UEL (Universidade Estadual de Londrina) responderam a um inquérito sobre possíveis manifestações racistas contra funcionários do Hospital Universitário. Os estudantes foram acusados de criarem uma comunidade no Orkut, com frases racistas e sexistas contra os trabalhadores.