PL escolhe comissão com maior verba na Câmara; PT desiste de Educação

O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, vai comandar a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, que tem o maior orçamento de emendas. Por ser a maior sigla da Casa, a bancada tem preferência nas escolhas dos colegiados.

O que aconteceu

Saúde é líder em emendas de comissão. O colegiado escolhido pelo PL é um dos mais cobiçados da Câmara por ter uma cifra bilionária em verbas. No ano passado, foram R$ 4,5 bilhões. A sigla indicou o deputado Zé Vitor (PL-MG) para presidir o grupo. Ele foi eleito por 35 votos dos 38 presentes.

Maior partido tem preferência na escolha das comissões. Com 92 deputados, o PL queria o comando das comissões mais importantes da Casa. A prioridade número um era a Comissão de Relações Exteriores para o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A ideia inicial era que o deputado tivesse protagonismo em um colegiado que pudesse projetá-lo para 2026 e afinar as relações diplomáticas com o governo Trump. Ontem, ele se licenciou do mandato.

Licença de Eduardo fez PL indicar o bolsonarista Filipe Barros (PL-PR). Ele foi eleito com 24 votos dos 38 presentes. O filho 03 do ex-presidente Bolsonaro publicou um vídeo nas redes sociais dizendo que ia se licenciar para permanecer nos Estados Unidos, onde está há 19 dias. O parlamentar afirmou que continuará nos EUA para buscar punições contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.

PGR negou pedido do PT para apreender passaporte de Eduardo. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, informou, ontem, ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a representação dos parlamentares petistas não tinha "elementos informativos mínimos" para enquadrar Eduardo Bolsonaro nos crimes apontados.

O PL ainda manteve o comando da Comissão de Segurança Pública. O colegiado será comandado pelo Paulo Bilynskyj (PL-SP). No Turismo, o partido indicou Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG). A sigla ainda levou a Agricultura, que será presidida por Rodolfo Nogueira (PL-MS).

É com imensa responsabilidade que recebo a missão do presidente [Jair] Bolsonaro e do meu partido, o PL, para presidir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Trincheira tão importante para que resgatemos a nossa verdadeira soberania, nossas liberdades, para que a nossa democracia volte a ficar de pé.

A Creden será, sem dúvidas, uma importante ferramenta institucional para o diálogo com o mundo, onde poderemos deixar claro que a vontade dessa casa, a vontade do povo, é soberana na democracia brasileira.
Filipe Barros (PL-PR)

PT abriu mão de educação

O partido do presidente Lula almejava a Comissão de Educação, que ficou no comando do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) em 2024. Os petistas tinham a segunda pedida de comissões e abriram mão em acordo com o União Brasil para que o partido desistisse da relatoria do Orçamento de 2026. A LOA deve ficar com o MDB — o que é mais interessante para o Planalto, já que os emedebistas são mais próximos do governo e será o ano da possível reeleição do presidente Lula.

A Federação PT, PCdoB e PV escolheu comissões da área econômica e sensíveis para o governo. Os petistas ficaram com Finanças e Tributação, que funciona em caráter terminativo, ou seja, todos os projetos votados não precisam passar pelo plenário. O deputado Rogério Correia (PT-MG) foi o indicado para comandar o grupo. Já o PV vai comandar Fiscalização e Controle, com Bacelar (BA). Cultura ficou com a deputada Denise Pessoa (PT-RS) e Direitos Humanos com Reimont (PT-RJ).

União Brasil deve comandar a CCJ por dois anos. No acordo feito entre os líderes da Câmara, ficou acertado que o partido vai presidir a Comissão de Constituição e Justiça em 2025 e 2026. O colegiado é responsável por analisar a constitucionalidade dos projetos de lei e propostas de emendas à Constituição que chegam à Casa.

PSD e PL tiveram embate por Minas e Energia. O partido de Gilberto Kassab conseguiu manter o comando da comissão após dias de embate com a sigla de Valdemar Costa Neto. Deputados do PL relataram ao UOL que a escolha pelo colegiado era para cobrar o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) por ações de competência da pasta. Na avaliação desses parlamentares, o PSD acaba blindando Silveira.

Confira as outras comissões que foram instaladas e seus presidentes:

• Fiscalização Financeira e Controle - Bacelar (PV-BA);
• Comissão de Constituição e Justiça - Paulo Azi (União Brasil-BA);
• Educação - Maurício Carvalho (União Brasil-RO);
• Integração Nacional e Desenvolvimento - Yandra Moura (União Brasil -SE);
• Minas e Energia - Diego Andrade (PSD-MG);
• Viação de Transporte - Maurício Neves (PP-SP);
• Ciência e Tecnologia - Ricardo Barros (PP-PR);
• Meio Ambiente - Elcione Barbalho (MDB-PA);
• Desenvolvimento Econômico - Lafayette de Andrada (Republicanos-MG);
• Trabalho - Léo Prates (PDT-BA);