Equador suspende exportações de petróleo após vazamento de 200 mil barris que contaminaram 5 rios
A petroleira estatal Petroecuador declarou emergência no Sistema de Oleoduto Transequatoriano (SOTE) e suspendeu as exportações de petróleo na terça-feira (18), após um vazamento na província de Esmeraldas, no noroeste do país. Segundo as autoridades, o desastre já impacta cerca de 500 mil pessoas. A empresa anunciou o adiamento das exportações do petróleo do tipo Oriente, ao acionar a cláusula de força maior em suas operações.
Com essa medida, a Petroecuador busca evitar sanções por possíveis descumprimentos contratuais com seus compradores. "A declaração de emergência não será superior a 60 dias e tem como objetivo (...) destinar todos os recursos necessários para minimizar o impacto do evento de força maior nas operações de exploração, extração, transporte e comercialização de hidrocarbonetos", informou a Petroecuador em comunicado.
Na última quinta-feira (13), um deslizamento de terra causou a ruptura do oleoduto, resultando no vazamento de dezenas de milhares de barris de petróleo, que contaminaram pelo menos cinco rios, incluindo o Esmeraldas, que desagua no Oceano Pacífico.
"O derramamento afeta cerca de 500 mil pessoas, pois temos um consórcio de abastecimento de água que atende várias localidades a partir da mesma estação de tratamento", afirmou Vicko Villacís, prefeito da cidade de Esmeraldas, ao canal Teleamazonas.
200 mil barris
A Petroecuador estima que as operações serão retomadas ainda nesta semana. A empresa informou que os clientes que aguardavam a entrega do petróleo serão notificados sobre a reprogramação das exportações.
Atualmente, a estatal utiliza 90 caminhões-tanque para recuperar o petróleo derramado, mas ainda não divulgou a quantidade exata do vazamento. No entanto, Villacís estima que cerca de 200 mil barris tenham sido despejados no meio ambiente.
O biólogo marinho Eduardo Rebolledo, da Universidade Católica de Esmeraldas, alertou ao canal Ecuavisa que, devido à poluição, "não há formas de vida na água" dos rios Caple e Viche, onde "flui uma mistura de petróleo emulsionado com água".
"No interior da província de Esmeraldas, o abastecimento de água potável foi limitado. A população depende muito dos rios para suprir suas necessidades diárias", enfatizou Rebolledo.
Villacís destacou que, apenas na capital provincial, a cerca de 100 km do local do vazamento, mais de 213 mil pessoas foram afetadas. O petróleo derramado já atingiu diversos afluentes, chegando ao rio Esmeraldas e contaminando partes do Oceano Pacífico, incluindo áreas turísticas como a praia de Atacames.
Estado de emergência ambiental
O governo equatoriano declarou estado de emergência ambiental na província, que abriga um refúgio de vida silvestre.
A Petroecuador, responsável pelo oleoduto, continua utilizando caminhões-tanque para coletar o petróleo derramado na região de El Vergel, no município de Quinindé. O prefeito da cidade, Ronald Moreno, informou que cerca de 4.500 famílias - aproximadamente 15 mil pessoas - foram afetadas.
Em 2024, o Equador produziu cerca de 475 mil barris de petróleo por dia, sendo esse um dos principais produtos de exportação do país. No mesmo ano, o país vendeu 73% de sua produção, gerando aproximadamente US$ 8,65 bilhões em receita.
(Com AFP)