Eduardo Bolsonaro faz autoexílio ideológico e não político, diz jurista
A decisão do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de se licenciar do cargo para permanecer nos Estados Unidos
tem motivações ideológicas, e não tem relação com um exílio político, analisou o jurista Márlon Reis em entrevista ao UOL News nesta quarta.
A decisão de Eduardo fez com que ele ganhasse de parlamentares bolsonaristas a imagem de um "exilado político". O deputado disse que ficará nos EUA para buscar punições contra Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
É um autoexílio motivado por desejos ideológicos individuais e nada tem a ver com motivação real. O que ele decide fazer sequer guarda a mínima conexão com o que está acontecendo no Brasil. Ele não está correndo risco algum de procedimento ilegal. Zero. Desculpem a expressão, mas é até meio patético.
Parece ainda haver, e não sei de onde isso vem, conexões de âmbitos fascistas do militarismo brasileiro com a ideia de que os EUA possam exercer esse tipo de apadrinhamento da democracia brasileira. Isso não é correto e deveria ter sido esquecido há muitas décadas.
É incrível como se persiste em uma tradição tão perniciosa e perigosa de achar que se pode buscar defesa externa para interesses totalitários desses segmentos. Sinceramente, eu não entendo.
Eduardo Bolsonaro se coloca muito mais como algoz e alguém que defende tortura e ditadura abertamente. De vítima, absolutamente ele não tem nada. Márlon Reis, jurista
Reis questionou os argumentos de Eduardo, que falou em "regime de exceção" e "truques sujos de Moraes" para justificar sua decisão.
Estamos no apogeu da democracia. Com as nossas instituições, conseguimos nos livrar de um arroubo autoritário que buscava implementar um regime de exceção no Brasil. Estamos em plena democracia no Brasil. Não existe isso.
Falando como jurista, preocupa-me muito essa busca de interferência internacional nos nossos assuntos internos. Isso é muito grave do ponto de vista jurídico. Estamos falando da defesa das nossas instituições. Fica parecendo que se busca uma tentativa de intromissão de um país estrangeiro em nossos assuntos, o que é absolutamente rechaçado por qualquer democracia.
Não vejo nada disso acontecendo, e muito menos justificativa para se pedir interferência de quem quer que seja nos nossos assuntos nacionais. Márlon Reis, jurista
Tales: Valdemar tranquiliza Bolsonaro de que Eduardo comandará comissão
Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, tranquilizou Jair Bolsonaro e assegurou que Eduardo Bolsonaro continuará dando as cartas na Comissão de Relações Exteriores, como revelou o colunista Tales Faria.
Acabei de conversar com uma figura importante do PL que me contou o seguinte: Valdemar tranquilizou Bolsonaro de que não muda nada na Comissão de Relações Exteriores. Eduardo Bolsonaro, embora esteja nos EUA, continuará comandando a comissão com os barbantinhos dos fantoches dele.
Provavelmente, Filipe Barros será um fantoche dos Bolsonaros. Ele assumirá a presidência da comissão por indicação do PL. Esse gesto do Eduardo é uma marquetagem e não muda nada na Comissão de Relações Exteriores. Os Bolsonaros continuarão mandando lá. Tales Faria, colunista do UOL
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