Em 2 dias, 970 foram mortos após ataques israelenses em Gaza, diz Hamas
Ao menos 970 pessoas morreram em bombardeios de Israel na Faixa de Gaza nas últimas 48 horas, segundo um relatório divulgado pelo Ministério da Saúde do Hamas hoje.
O que aconteceu
Após trégua de quase dois meses, Israel voltou a bombardear a Faixa de Gaza na noite de segunda-feira. Antes da retomada do conflito, Gaza contabilizava 48.577 mortos. O relatório divulgado nesta quarta-feira aponta que o número de mortes chegou a 49.547 após 48 horas da divulgação do número anterior.
Os ataques do dia 17 deixaram ao menos 400 mortos. À AFP, o palestino Ramiz al Amarin desabafou, dizendo que "reacenderam o fogo do inferno em Gaza".
Em pronunciamento ontem, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que os ataques foram "apenas o começo". Ele também afirmou que "negociações só ocorrerão sob fogo" e prometeu que os militares vão agir contra o Hamas "com intensidade crescente" para libertar todos os reféns e eliminar o movimento de resistência. "Voltamos a lutar com força", completou Netanyahu.
Os EUA apoiaram Israel na retomada do conflito e afirmaram que o Hamas "escolheu a guerra". "O Hamas poderia ter libertado os reféns para estender o cessar-fogo, mas escolheu a recusa e a guerra", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes, em nota.
Nesta quarta-feira, o exército israelense lançou panfletos em áreas no norte e no sul da Faixa de Gaza ordenando que moradores deixem suas casas. "Ficar nos abrigos ou na barraca atual coloca suas vidas e a de seus familiares em perigo, saiam imediatamente", dizia um folheto.
Novos ataques nesta quarta-feira deixaram pelo menos 20 mortos, segundo profissionais de saúde locais. Dois funcionários das Nações Unidas morreram em um ataque que atingiu o edifício da ONU em Deir al Balah, no centro da Faixa de Gaza, indicou nesta quarta-feira (19) à AFP uma fonte dessa organização internacional.
O Hamas ainda mantém 59 dos cerca de 250 reféns que Israel afirma terem sido apreendidos no ataque de 7 de outubro de 2023. O grupo acusa Israel de prejudicar os esforços dos mediadores para negociar um acordo permanente para acabar com os combates. Netanyahu, por sua vez, disse na terça-feira que havia ordenado os ataques porque o Hamas rejeitou propostas para garantir uma extensão do cessar-fogo até abril.
Israelenses protestam
Milhares de israelenses fizeram uma manifestação nesta quarta-feira em Jerusalém contra Benjamin Netanyahu. Eles protestavam contra a decisão de destituir Ronen Bar, o chefe do Shin Bet, o serviço de inteligência interno e de segurança.
Parentes de reféns também estiveram no protesto, e criticaram os novos bombardeios na Faixa de Gaza. "Esperamos que todo o povo de Israel se una ao movimento e continue até que a democracia seja restabelecida e os reféns sejam libertados", disse à AFP Zeev Berar, de 68 anos, que viajou de Tel Aviv.
Os manifestantes consideram que o primeiro-ministro "sacrificou" os reféns ainda vivos ao retomar os bombardeios. "Você é o chefe, você tem a culpa" e "Você tem sangue nas mãos" eram duas frases gritadas pelos manifestantes. Outros exibiam cartazes com "Todos somos reféns" ou pedidos para que os Estados Unidos para "Salvem Israel de Netanyahu".
(Com AFP e Reuters)