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Putin concorda em suspender por 30 dias ataques a instalações de energia, Ucrânia sinaliza apoio

18/03/2025 15h06

Por Jeff Mason e Joseph Ax

WASHINGTON (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, concordou nesta terça-feira com a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender por um mês os ataques contra a infraestrutura de energia na Ucrânia, um cessar-fogo limitado que o governo ucraniano rapidamente disse estar disposto a considerar.

Mas Moscou não chegou a dar aos Estados Unidos o cessar total das hostilidades por 30 dias que o governo Trump buscava, e especialistas dizem que Putin pode estar ganhando tempo com o avanço das tropas russas no leste da Ucrânia.

As conversas com o objetivo de avançar em direção a um plano de paz mais amplo começarão imediatamente, disse a Casa Branca após uma longa ligação telefônica entre os dois líderes, mas não ficou claro se a Ucrânia estará envolvida.

Putin ordenou que os militares russos interrompessem os ataques contra as instalações de energia depois de falar com Trump, disse o Kremlin em um comunicado. Mas, durante a ligação, ele novamente levantou a preocupação de que um cessar-fogo temporário poderia permitir que a Ucrânia mobilizasse mais soldados e se rearmasse.

Putin também enfatizou que qualquer resolução do conflito exigiria o fim de toda a assistência militar e de inteligência à Ucrânia, acrescentou o Kremlin.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse que seu país consideraria apoiar a proposta dos EUA de interromper os ataques à infraestrutura de energia.

"Acho que será correto termos uma conversa com o presidente Trump e saberemos em detalhes o que os russos ofereceram aos americanos ou o que os americanos ofereceram aos russos", disse Zelenskiy a repórteres durante uma teleconferência.

As forças russas estão avançando no leste da Ucrânia e afastando as tropas ucranianas da região russa de Kursk.

As negociações sobre um cessar-fogo marítimo no Mar Negro, bem como um cessar-fogo mais completo e um acordo de paz permanente, começarão imediatamente no Oriente Médio, disse a Casa Branca em um comunicado, embora não tenha dito se a Ucrânia seria convidada.

Desde a invasão russa de 2022, a Ucrânia tem tentado reagir contra seu vizinho muito maior com ataques de drones e mísseis nas profundezas do território russo, inclusive em instalações de energia. Esses ataques, que segundo Moscou são considerados terrorismo, permitiram que Kiev mantivesse a pressão sobre a economia da Rússia.

Em uma publicação nas mídias sociais após a ligação, Trump disse que ele e Putin haviam concordado em trabalhar rapidamente para obter um cessar-fogo e, eventualmente, um acordo de paz permanente.

"Muitos elementos de um Contrato de Paz foram discutidos, incluindo o fato de que milhares de soldados estão sendo mortos, e tanto o presidente Putin quanto o presidente Zelenskyy gostariam de ver isso acabar", escreveu ele, usando uma grafia alternativa para o líder ucraniano.

A Ucrânia disse em 11 de março que estava preparada para aceitar um cessar-fogo de 30 dias, uma medida que, segundo as autoridades dos EUA, levaria a uma rodada mais substancial de negociações para acabar com o maior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. A guerra matou ou feriu centenas de milhares de pessoas, desalojou milhões e reduziu cidades inteiras a escombros.

Trump deu a entender que um acordo de paz permanente poderia incluir concessões territoriais por parte de Kiev e o controle da usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia.

Zelenskiy, que chegou a Helsinque para uma visita oficial nesta terça-feira, logo após o término do telefonema de Trump e Putin, disse que a Europa deve ser incluída nas negociações de paz na Ucrânia.

As conversas entre Trump e Putin ocorreram no momento em que Israel retomou seus ataques ao Hamas em Gaza, ameaçando uma frágil trégua parcialmente intermediada por um enviado de Trump no início deste ano e ressaltando a dificuldade de garantir cessar-fogos duradouros em conflitos de longa duração.

Os dois líderes também discutiram como evitar futuros conflitos no Oriente Médio e "compartilharam a opinião de que o Irã nunca deve estar em posição de destruir Israel", disse a Casa Branca.

(Reportagem de Jeff Mason em Washington; reportagem adicional de Patricia Zengerle, Andrea Shalal, Miranda Murray, Nandita Bose, Costas Pitas e Ismail Shakil)

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