Saiba quem são as fugitivas do 8/1 presas após posse de Trump nos EUA
Quatro mulheres foragidas por envolvimento nos ataques do 8 de Janeiro, com mandados de prisão no Brasil, estão presas nos Estados Unidos por imigração ilegal, segundo confirmou a ICE, a Polícia de Imigração e Alfândega, ao UOL.
O que aconteceu
Raquel Lopes, Rosana Maciel e Cristiane da Silva foram condenadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), e Michely Paiva é ré por cinco crimes, como golpe de Estado e associação criminosa.
O UOL apurou que o objetivo delas era conseguir refúgio político com o governo de Donald Trump, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Raquel foi presa em 12 de janeiro em La Grulla, na fronteira do México com o sudeste do Texas. As demais foram presas em 21 de janeiro, um dia depois da posse de Donald Trump, em El Paso, na fronteira sudoeste do Texas com o México.
Raquel de Souza Lopes, 51, de Joinville (SC)

Foi condenada a 17 anos de prisão por cinco crimes no 8/1, como golpe de Estado, associação criminosa e dano a patrimônio público. Tem mandado de prisão em aberto no Brasil. Raquel nega ter destruído bens.
Em abril passado, saiu do país com um grupo de militantes por meio da fronteira seca que Santa Catarina tem com a Argentina. Permaneceu até 17 de novembro no país vizinho, quando fugiu de Buenos Aires com outro grupo de militantes após a Justiça argentina mandar prender foragidos alvos de pedidos de extradição do STF.
No Chile, cruzou o Deserto do Atacama e chegou ao Peru pela cidade de Santa Rosa. Rumou para a Colômbia e chegou ao México. Em 12 de janeiro, tentou entrar nos EUA pela cidade de La Grulla, no Texas. No dia 19, foi transferida para a Unidade de Detenção da ICE El Valle, em Raymondville.
Ela estaria sem advogados lá. Em conversa com o UOL, o filho de Raquel, Acenil Francisco, disse que a família "está correndo atrás de um advogado para fazer a defesa dela".
Rosana Maciel Gomes, 51, de Goiânia (GO)

Rosana foi condenada a 14 anos de prisão por cinco crimes no 8/1. Tem dois mandados de prisão em aberto no Brasil e uma ordem de extradição na Argentina.
Fugiu do Brasil em janeiro de 2024, quando chegou ao Uruguai. Em abril, estava em Buenos Aires. Em novembro, deixou a Argentina com um grupo rumo aos EUA. Passou pelo Peru, Colômbia e México. Foi presa em El Paso (Texas), em 21 de janeiro. Seis dias depois, foi transferida para a detenção da ICE na mesma cidade.
Segundo sua defesa no STF, "quando [Rosana] entrou no Palácio do Planalto viu que os bens públicos estavam danificados e não danificou qualquer bem, tanto que ficou em estado de choque de ver uma situação daquela". A defesa dela disse que não poderia comentar sua situação no exterior.
Amigos de Rosana Maciel procuraram ajuda do consulado brasileiro em Houston, no Texas.
Michely Paiva Alves, 38, de Limeira (SP)

A comerciante Michely é ré por cinco crimes no 8/1 e tem mandado de prisão em aberto no Brasil.
Chegou a se candidatar, no ano passado, a vereadora de sua cidade pelo Podemos, enquanto respondia a processo criminal no STF. A Justiça Eleitoral negou o registro da candidatura.
Em julho, a PF encontrou provas de que ela organizou e financiou um ônibus com 30 pessoas, de Limeira para Brasília, para irem ao ato de 8/1. O frete custou R$ 12 mil, dos quais R$ 6.500 foram pagos por Michelle. Ela admitiu o negócio aos investigadores e disse que chamou pessoas que estavam em frente à unidade do Exército em Limeira.
Um mês após a descoberta da PF, a defesa de Michely pediu um acordo de não persecução penal com o MPF (Ministério Público Federal) — com isso, poderia fazer serviços comunitários, pagar uma multa e fazer um curso sobre democracia para se livrar de punições. Mas os prazos para aceitar a oferta desse tipo de acordo já haviam sido vencidos e, agora, havia um fato novo. O MPF então denunciou Michely por cinco crimes com base nas provas obtidas pela PF.
A defesa dela disse, no processo, que "não há provas de que a acusada depredou o Congresso Nacional, bem como [de que] participa de movimentos criminosos".
Em setembro, Michely fugiu para a Argentina. No mês seguinte, embarcou com militantes para os EUA. Passou por Peru, Colômbia e México. Foi presa em El Paso (Texas) em 21 de janeiro e se encontra detida na mesma cidade. O UOL procurou seus advogados, mas não obteve esclarecimentos.
Cristiane da Silva, 33, de Balneário Camboriú (SC)

A garçonete foi condenada pelo STF a um ano de prisão por associação criminosa e incitação ao crime no 8/1. Tem mandado de prisão no Brasil.
A defesa dela afirmou ao STF que Cristiane "não estava envolvida no protesto e sequer esteve acampada durante dias" para incitar as Forças Armadas a darem um golpe. Ela disse que foi a Brasília "para passear". À PF, afirmou que pagou R$ 500 na passagem de um coletivo que transportou militantes.
Cristiane fugiu em junho de 2024 para Buenos Aires. Em novembro, juntou-se a outros militantes e fugiu para os EUA. Passou por Peru, Colômbia e México. Foi presa em El Paso e está detida na mesma cidade.
A defesa de Cristiane afirma que estão sendo tomadas medidas para resolver a situação dela nos EUA.