No Líbano, ataques israelenses apontam para um cessar-fogo precário
BEIRUTE (Reuters) - Enquanto Israel retoma os ataques pesados na Faixa de Gaza, a escalada dos ataques israelenses no sul do Líbano matou cinco membros do Hezbollah nos últimos dias, de acordo com fontes de segurança no Líbano, destacando a fragilidade do cessar-fogo apoiado pelos EUA.
A guerra entre Israel e o Hezbollah, apoiado pelo Irã no Líbano, marcou foi o mais mortífera transbordamento da guerra de Gaza, que atravessou a fronteira por meses antes de se transformar em uma devastadora ofensiva israelense que eliminou o comando do grupo e muitos de seus combatentes, além de grande parte de seu arsenal.
Embora o cessar-fogo tenha provocado uma grande redução na violência, cada lado acusa o outro de não tê-lo implementado totalmente. Israel diz que o Hezbollah ainda tem infraestrutura no sul, enquanto o Líbano e o Hezbollah dizem que Israel está ocupando o solo libanês ao não se retirar de cinco posições no topo de colinas.
Os militares israelenses informaram que atingiram cinco membros do Hezbollah em três incidentes separados no sul do Líbano desde 15 de março. Em um dos incidentes no domingo, os militares israelenses disseram que atingiram dois militantes do Hezbollah "que atuavam como agentes de observação e dirigiam atividades terroristas". Fontes de segurança no Líbano disseram que cinco membros do Hezbollah foram mortos.
Os militares israelenses disseram no domingo que um tiro atingiu um carro estacionado na comunidade israelense de Avivim, e que o tiro provavelmente veio do Líbano. Ninguém reivindicou a responsabilidade.
ATAQUES DESTROEM CASAS PRÉ-FABRICADAS
No Líbano, ataques israelenses em duas cidades na segunda-feira destruíram casas pré-fabricadas levadas para a área para pessoas cujas casas foram destruídas na guerra, disseram fontes de segurança.
O cessar-fogo apoiado pelos EUA, acordado em novembro, exigia que o Hezbollah não tivesse armas no sul do país e que as tropas israelenses se retirassem à medida que o exército libanês apoiado pelos EUA se deslocasse para a região.
Israel disse no início deste mês que havia concordado com as negociações apoiadas pelos EUA com o Líbano com o objetivo de demarcar a fronteira. Também libertou cinco libaneses detidos pelos militares israelenses no que chamou de "gesto para o presidente libanês".
As autoridades do Hezbollah colocaram o ônus sobre o Estado libanês para liberar o restante das terras ainda ocupadas por Israel. Ainda assim, o líder do Hezbollah, Ali Damoush, disse na sexta-feira que o grupo não abandonaria suas armas enquanto houvesse uma ocupação.
Analistas dizem que o Hezbollah terá que pensar muito bem antes de tomar qualquer decisão de escalar contra Israel, observando que sua rota de reabastecimento terrestre para o Irã foi cortada pela queda de seu aliado Bashar al-Assad na Síria e que muitos de seus apoiadores estão desabrigados por causa da devastação causada pela guerra.
"Até o momento, o Hezbollah está interessado em não responder e deixar a decisão para o governo e o exército libanês", disse Qassem Kassir, um analista libanês próximo ao Hezbollah.
(Reportagem de Laila Bassam)