Sequestrada pelo professor, ela comeu flores silvestres para sobreviver

Elizabeth Thomas tinha 15 anos quando foi sequestrada pelo professor do ensino médio e ficou desaparecida por quase 40 dias, até que os dois foram encontrados em uma cabana isolada no norte da Califórnia. A história é relembrada este mês, quando se completam oito anos do caso.
O que aconteceu
Elizabeth era uma jovem em vulnerabilidade. Ela recebeu educação básica em casa na maior parte da vida e enfrentou abusos da mãe por anos. Em 2016, foi para a Culleoka Unit School, no Tennesse, onde sofreu bullying.
Professor sabia do histórico dela e se aproveitou. Tad Cummins, então com 50 anos, lecionava ciências da saúde e começou a assediar a garota quando ela ingressou em suas aulas. No começo, a promessa era dar estabilidade a ela, mas logo suas intenções ficaram mais evidentes com as investidas sexuais contra a estudante de 15 anos.
Por cerca de um ano, ele a levava para um armário na sala de aula. Lá, o professor a beijava e tocava "regularmente", escondido de outras pessoas. Ele ameaçava se matar ou machucar a família de Elizabeth se ela não o obedecesse. Com medo, a jovem não conseguiu contar a alguém sobre o abuso.
A jovem se tornou "dependente" do professor, disse o pai dela. Anthony Thomas falou à revista People que, além ajudá-la com os trabalhos da escola, Cummins "[deu] dinheiro a ela, comprou um micro-ondas para que ela esquentasse comida no quarto dele e tentou tirá-la de problemas".
"Eu estava com medo. Eu não queria contar aos meus pais nem aos meus amigos que um homem havia me beijado", disse ela ao programa "20/20", da rede de TV ABC, em 2022. "Eu não gosto dos holofotes sobre mim."
Em janeiro de 2017, uma testemunha viu o homem beijando-a. Cummins foi suspenso, mas seguiu em contato com Elizabeth, tentando convencê-la a fugir juntos e afirmando que sua carreira estava arruinada. Em 13 de março daquele ano, os dois sumiram, e as autoridades começaram uma busca nacional pela garota e o sequestrador.
O dia do sequestro
Naquela manhã, Elizabeth acordou a irmã Sarah e a fez prometer ligar para a polícia caso não voltasse para casa. Pouco tempo depois, em um restaurante, ela contou a uma amiga que se não fugisse com Cummins, sua família seria prejudicada. A estudante foi vista pela última vez por volta das 7h45.
Enquanto isso, o professor pegou dinheiro de seu cofre e deixou um bilhete para a esposa. Ele dizia que ia viajar para clarear a mente. Câmeras de segurança o flagraram abastecendo o carro perto do mesmo restaurante.
Os dois seguiram juntos para Decaturville, no Alabama. No caminho, trocaram a placa do carro, viajaram para o Mississippi e depois para Oklahoma, onde mais tarde seriam vistos em imagens de câmeras em um supermercado. Ambos foram para o Colorado, onde adotaram os pseudônimos John e Joanne Castro. Depois, seguiram para a Califórnia.
Na tarde do sumiço, Elizabeth foi declara desaparecida. O Departamento de Xerife do Condado de Maury começou uma busca que durou 38 dias. Eles foram achados após uma denúncia.
Como a polícia encontrou Elizabeth
Cummins alugou uma cabana remota perto de Cecilville, na Califórnia. Segundo o advogado da família, o local de quatro paredes estava sem água encanada, sem eletricidade ou encanamento de aquecimento. Lá, os dois comeram flores silvestres para sobreviver. O professor disse ao proprietário Griffin Barry que Elizabeth tinha 24 anos e ele estava na casa dos 30.
Pouco tempo depois, Barry viu fotos dos dois em uma reportagem e percebeu quem era Cummins. Nas últimas horas do dia 19 de abril, o homem acionou as autoridades, que mais tarde confirmaram o carro em que eles viajaram. Na manhã de 20 de abril, os policiais prenderam Cummins e resgataram Elizabeth. O professor foi condenado a 20 anos de prisão em 16 de janeiro de 2019.
Como está Elizabeth hoje?
Dias após ser descoberta, a jovem voltou para a família e começou a fazer terapia. Seis meses depois, ela deu uma entrevista para o Columbia Daily Herald, quando contou que estava morando com o irmão mais velho, estudando em casa e trabalhando como babá. "Não me arrependo, nem digo que foi a coisa certa a fazer", disse. "Foi uma experiência com a qual terei que conviver pelo resto da minha vida."
No final de 2018, ela ficou noiva de um amigo de longa data. Eles se casaram no ano seguinte e tiveram um filho. Em 2023, ela decidiu contar sua história no filme "Abducted By My Teacher" ("Sequestrada pelo Meu Professor"), que, segundo ela, fez parte de seu processo de cura e a ajudou a fechar esse capítulo de sua vida.