Israel repete ataques a Gaza um dia após quebrar cessar-fogo e culpar Hamas

Novos ataques contra a Faixa de Gaza são realizados pelo Exército de Israel na manhã de hoje, um dia após o país quebrar o acordo de cessar-fogo firmado em janeiro e matar cerca de 400 pessoas em bombardeios.
O que aconteceu
"Alvos" dos ataques são grupos terroristas, dizem as Forças de Defesa de Israel. Em publicação nas redes sociais, o Exército afirmou que mira "células terroristas, depósitos de armas e infraestruturas militares que seriam usadas contra civis israelenses".
Anúncio da continuidade dos ataques foi feito pouco após ministro israelense culpar o Hamas pela quebra do cessar-fogo de Israel. O ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa'ar, afirmou que o país "não teve alternativa" após o Hamas negar por duas vezes um novo acordo proposto pelos Estados Unidos para estender a trégua. Os detalhes do acordo não foram divulgados pelo chanceler.
"Objetivos da guerra não serão comprometidos". Apesar de o Ministério da Saúde palestino confirmar que a maioria das vítimas dos bombardeios são mulheres e crianças, Sa'ar afirmou que o país trabalha em "minimizar as vítimas civis".
Chefe do governo do Hamas morreu, diz grupo extremista
Segundo o Hamas, Essam al Dalis e "outros três dirigentes do governo" de Gaza foram mortos. Entre as vítimas ligadas à organização estavam o vice-ministro do Interior, Mahmud Abu Watfa, e o diretor-geral dos serviços de segurança interna, Bahjat Abu Sultan.
Al Dalis era membro do escritório político do Hamas. Ele pertencia à liderança do movimento islamista na Faixa de Gaza desde 2021.
Abu Watfa era general de divisão e foi visto nas ruas da Faixa de Gaza após assinatura do acordo de trégua. Segundo a agência de notícias AFP, ele acompanhava a presença da polícia nas ruas após o cessar-fogo.
Estados Unidos tem "total responsabilidade" pelo bombardeio, diz Hamas. O movimento culpou o país liderado por Donald Trump pelo ocorrido ontem. "Com seu ilimitado apoio político e militar à ocupação (israelense), Washington tem total responsabilidade pelos massacres e assassinatos de mulheres e crianças em Gaza", disse, em comunicado.
Presidente Donald Trump não fez comunicado oficial até a manhã de hoje. A expectativa de analistas internacionais é de que o governo republicano ofereça "suporte total" a Netanyahu.
Bombardeios quebraram cessar-fogo
O cessar-fogo na Faixa de Gaza começou em 19 de janeiro. O acordo previa o fim dos ataques em troca da libertação de reféns israelenses que estavam no enclave desde 7 de outubro de 2023.
Ao menos 400 pessoas morreram em ataques coordenados da noite dessa segunda-feira (17), segundo o Ministério da Saúde de Gaza. O país afirmou que mulheres e crianças estão entre as vítimas mortas nos bombardeios.
Ao menos seis pontos diferentes de Gaza foram bombardeados, segundo canal de TV. Um levantamento da Al Jazeera mostra que os ataques aconteceram em Rafah, Khan Younis, al-Mwasi, Deir el-Balah, na Cidade de Gaza e no Norte de Gaza. Fotos mostram pessoas tentando encontrar sobreviventes entre escombros e corpos amontoados em ruas.
Países estrangeiros e ONU repudiaram ataques. Entre os países que pediram a retomada do cessar-fogo estão Malta, Suíça, Egito e Bélgica. Irã e Turquia afirmaram que Benjamin Netanyahu comete "genocídio" contra o povo palestino.